Lições aprendidas

QUANTAS IGREJAS HÁ?
De acordo com o Novo Testemanto a igreja é um organismo e não uma organização. Quando se fala em igreja simples, igreja nas casas ou igreja orgânica, expressões sinônimas, esta-se falando da igreja de que trata o Novo Testamento tão somente. Igreja orgânica refere-se à natureza da igreja como orgânismo, com um corpo vivo, onde cada membro funciona de acordo com a vida divina que recebeu na regeneração. Igreja simples relaciona-se ao aspecto da simplicidade e pureza da igreja e no relacionamento dos irmãos entre si. Igreja nos lares aborda o aspecto íntimo e familiar da igreja. Não são formatos de igreja, mas são aspectos da igreja do Novo Testamento. Deste modo, igreja simples, igreja orgânica ou igreja nos lares não é um novo tipo de igreja, uma novidade ou uma nova forma de viver a vida da igreja. Não se trata de uma fórmula ou receita de como viver a vida da igreja daqui para frente. Trata-se apenas da tentativa de viver a vida da igreja conforme está registrado nas Escrituras, nem mais, nem menos. Além de procurar estar fundamentada na visão neotestamentária, a visão da igreja também está baseada na experiência de irmãos de hoje e do passado, procurando identificar suas falhas e seus acertos e, sobretude, seguir a orientação do Espírito Santo em todas as coisas.
Você pode se perguntar: – mas se se trata de uma tentativa de viver a vida da igreja então pode haver falhas? A resposta é sim, pode haver, aliás como houve em toda a história da igreja. O fato de haver falhas, entretanto, não deve desencorajar-nos, mas levar-nos ao arrependimento e a busca da direção do Senhor. Leia as epístolas de Paulo. Quantas falhas o Apóstolo identificou? Diversas. A maior parte das epístolas trata de erros, propeços e orientações. Mas essas falhas também deram margem para que a revelação da vontade de Deus fosse escrita e enviada para as igrejas na forma de cartas. Veja o exemplo da igreja em Corinto. Na primeira epístola a essa igreja quantas falhas Paulo identificou? Mas quanta revelação há. Quando ele tratou da prostituição, por exemplo, também disse que AQUELE QUE SE UNE AO SENHOR É UM ESPÍRITO COM ELE! Puxa, que revelação maravilhosa! Somos um espírito com Deus! Não precisamos ficar clamando como no Velho Testamento: Senhor visite-nos! O Senhor já está em nós e além disso amalgamou-se no nosso espírito humano tornando-se um com Ele conosco! Isso é maravilhoso, mas essa revelação foi apresentada diante de um cenário tão negro e decadente: a prostituição no meio do povo de Deus.
Por isso não desanimamos, nem achamos que tenhamos alcançado a revelação final acerca da igreja. Absolutamente não. Nos assuntos intelectuais, é possível exaurir um assunto. Mas nos assuntos espirituais não é assim. Se o Senhor ainda é tão misterioso, age de forma tão inesperada, você acha que a igreja também não seria misteriosa. Esse mistério, entretanto, pode ser conhecido por todos nós se nos despojarmos de nossos conhecimentos teológicos formatados, e procuramos, diante do Senhor e no espírito, sua vontade para conosco, junto com os irmãos. Quando você menos esperar, verá a vida da igreja diante dos seus olhos. Da mesma forma, quando e se você  voltar para suas velhas tradições, ou criar mecanismos ou fórmulas humanas para “manter” a vida da igreja e dar uma “ajudinha” ao Senhor, esse viver desaparecerá imediatamente; a alegria irá desaparecer, o sentimento de vida erá se esvair e tudo voltará ao que era antes: uma organização humana.
Caro leitor, se você busca fórmulas, cremos que está no lugar errado. Não há fórmulas ou receitas para viver a vida da igreja. A igreja só é possível ser vivida no espírito! Nâo há outro lugar em que ela possa ser vivida, gerada ou mantida. Portanto, ao comparar a igreja (orgânica) com a igreja institucional, gostaríamos que você entendesse que há somente uma igreja: a quela que a Bíblia trata, mostra seus méritos, seus erros e sua esperança. Não há dois ou mais tipos de igreja. Assim, entenda-se como orgânica, simples ou caseira a igreja tratada no Novo Testamento e a igreja chamada de institucional aquele ajuntamento criado e mantido pelos homens. O texto abaixo procura apenas registrar o que está sendo experimentado por irmãos espalhados pelo mundo inteiro. Por favor, não procure copiá-los, mas leve esse assunto diante do Senhor e tenha comunhão com outros irmãos. Certamente, você ganhará luz.
Embora não seja fácil descrever com exatidão o que seja uma igreja orgânica para alguém que não seja membro de uma, existem certas características que as distinguem. São elas:

A forma da igreja

A forma de uma igreja orgânica expressa a própria vida da igreja — tal como a forma do corpo humano expressa a vida do homem. As igrejas orgânicas não surgem a partir de estatutos, cargos e/ou de clérigos. Surgem de relacionamentos entre pessoas que amam a Jesus Cristo.

O clero

Não há clero nem ministro profissional nas igrejas orgânicas. Elas não reconhecem uma classe separada de clérigos para energizar os “leigos”. Nenhum cristão é leigo. Cristo energiza a todos e cada um energiza o outro.

A participação dos membros nas reuniões da igreja

As igrejas orgânicas permitem e encorajam todos os cristãos a funcionarem ativamente nas reuniões da igreja. Não apenas os “ministros” atuam privilegiadamente nos cultos. Todos os membros são sacerdotes ativos.

A idéia e visão de igreja

As pessoas nas igrejas orgânicas não associam “igreja” a um edifício-templo. Elas não vão à igreja – elas, juntas, são a igreja. Isto não é apenas uma teologia. Os membros experimentam isto de fato.

Os locais de reuniões

As reuniões ocorrem principalmente nos lares dos seus membros. Porém, onde estiverem dois ou três em nome de Jesus, ali é um local de reunião da igreja. Há também reuniões maiores com várias igrejas orgânicas juntas em outros locais maiores (sítios, auditórios etc.).

O que une a igreja

Os membros estão unidos unicamente em função de Cristo nas igrejas orgânicas. Não em função de um conjunto de tradições ou doutrinas.

O que sustenta a igreja

As igrejas orgânicas são sustentadas por relacionamentos construídos em Jesus Cristo. Não dependem de um prédio. Não há salário de clérigos. Os recursos financeiros são gastos com os pobres (principalmente os “entre vocês”) e na obra missionária.

O crescimento

Uma igreja orgânica cresce naturalmente por atrair pessoas. Não faz campanhas evangelísticas, embora seus membros evangelizem individualmente ou em pequenos grupos de dois ou três. Quando o número de pessoas se torna grande demais para caber num lar, elas simplesmente se dividem em duas. Esse tipo de crescimento é o mesmo observado em organismos vivos — suas células se multiplicam.

O foco principal

O foco de uma igreja orgânica está em possuir Jesus Cristo corporativamente, em uma comunidade face a face. Tudo mais surge a partir disto. Não está preocupada com a frequencia aos cultos, ou com os prédios da igreja, nem com orçamentos (elas não possuem os dois últimos).

O calendário anual

As igrejas orgânicas passam naturalmente pelas estações do ano. Não estão ligadas a calendários rituais.

Os dons espirituais

Nas igrejas orgânicas, os dons não são vistos como ofícios, mas sim como funções. Eles emergem naturalmente e organicamente, com o tempo. Eles crescem “do solo”, e as pessoas que recebem os dons de Deus não são intituladas, nem recebem mandatos.

O relacionamento entre os membros

Em uma igreja orgânica existe uma comunidade fortemente unida. Os membros são como uma família uns para os outros. Eles vivem uma vida compartilhada em Cristo. Eles se conhecem profundamente, compartilham refeições e não se veem apenas nos cultos da igreja.

A liderança

A liderança surge a partir do corpo. Plantadores de igreja equipam os santos no início da igreja, e presbíteros (quando surgem) supervisionam a igreja juntos.

A tomada de decisões

As decisões são tomadas por todos, em consenso. Não somente pelos ordenados ou por um conselho de ministros.

Os pastores ou presbíteros

O alvo é que exista mais de um pastor em cada igreja. A liderança é plural a partir de um grupo de presbíteros com no mínimo dois presbíteros. Os pastores, nas igrejas orgânicas, são aqueles membros que possuem dons de pastoreio e cuidam do rebanho. Não são ordenados, mas reconhecidos pelo seu amor, integridade, sabedoria e conhecimento bíblico.

A Igreja Institucional versus a Igreja Orgânica

Milhares de evangélicos e igrejas protestantes em todo o planeta dizem que “a Igreja é um organismo e não uma organização.” Infelizmente, para muitos esta expressão se tornou um mero chavão e muitas pessoas não têm a menor idéia do que isso quer realmente dizer na prática. Mas, afinal, como é uma comunidade que realmente vive e se expressa de forma orgânica? Neste artigo, Frank Viola fala a respeito de algumas diferenças entre uma igreja que opera de acordo com instintos e natureza orgânicos e uma igreja que opera como uma organização institucional (ou seja, uma igreja “organizada” ou “institucional”).
Antes de nos aprofundarmos nas diferenças entre uma Igreja orgânica e uma Igreja institucional, permita-me ressaltar que o termo “igreja orgânica” está na moda nos dias atuais. Tornou-se comum diferentes tipos de igrejas usarem o termo para se descreverem. O mesmo acontece com o termo “igreja missional”. Ambas as expressões são como barro, sendo moldadas pelos mais diversos autores de formas diferentes. As vezes, extremamente diferentes.
Dito isso, entendamos que a experiência do Corpo de Cristo é algo totalmente orgânico. Isso é, brota da vida, da vida de Deus, e não de métodos organizacionais humanos. Claramente, a Igreja que vemos no Novo Testamento era totalmente “orgânica”. Em outras palavras, nasceu e foi sustentada por meio de uma vida espiritual, ao invés de ser construída por estruturas humanas. Usarei uma ilustração: uma laranja criada em laboratório não seria orgânica. Mas se eu plantasse uma semente no solo e nascesse uma laranjeira, esta árvore seria orgânica.
Em suma, a diferença entre uma igreja organizada e uma igreja orgânica é tão grande quanto refrescar-se em frente a um ventilador e ir para fora em um dia fresco. É a mesma diferença entre a General Motors e uma horta.

Organização versus Organismo

Vejamos de forma mais específica as diferenças entre uma expressão orgânica de igreja e uma forma organizada (ou institucional) de igreja:
Na Igreja institucional, a forma precede a vida da igreja. A Igreja começa com clérigos, cargos, programas, rituais, etc. Já em uma expressão orgânica, a forma da Igreja deriva da vida Igreja, assim como a forma do corpo humano deriva da vida do ser humano.
A Igreja institucional se sustenta no ministério de um clérigo ou ministro profissional. Em uma expressão orgânica de Igreja, não há clérigos ou ministros.
Na Igreja institucional, o clero se empenha em entusiasmar os leigos. A Igreja orgânica não reconhece tal distinção de classes.
Na Igreja institucional, certas funções estão limitadas aos “ordenados”. A Igreja orgânica reconhece todos os membros como sacerdotes atuantes.
Na Igreja institucional, seus congregantes são mantidos passivos durante o culto de domingo. Na Igreja orgânica, todos os membros são encorajados a participar nas reuniões da Igreja.
Na Igreja institucional, os membros associam a Igreja a um prédio, uma denominação ou um culto (normalmente no domingo). Na Igreja orgânica, enfatiza-se que as pessoas não vão à Igreja. Elas (juntas) são a Igreja. Essa não é uma mera afirmação “teologicamente correta”. É a experiência de seus membros.
A Igreja institucional é unida em torno de um conjunto de costumes e doutrinas. A Igreja orgânica é unida em torno de Jesus Cristo. Não há nenhum outro critério para a comunhão.
A Igreja institucional é sustentada por programas. A Igreja orgânica se sustenta nas relações construídas em Jesus Cristo.
A Igreja institucional depende de finanças para sobreviver – seus gastos principais são com a manutenção de prédios e cargos assalariados. A Igreja orgânica não depende de edifícios. Não há clérigos assalariados. Os recursos financeiros são gastos com “os pobres entre vós” e em obras extra-locais.
Na Igreja institucional, a liderança é hierárquica. Na igreja orgânica, a liderança emana do Corpo. No início, apóstolos 1 equipam a Igreja e, posteriormente, presbíteros emergem para juntos supervisionarem a comunidade.
Na Igreja institucional, as decisões são feitas por clérigos ou por uma junta de representantes eleitos. Na Igreja orgânica, decisões são tomadas coletivamente, em consenso.
Na Igreja institucional, o pastor é o líder e ministro da Igreja. Na Igreja orgânica, há uma pluralidade de pastores. Eles são homens dotados para cuidar do rebanho.
Na Igreja institucional, há uma forte ênfase na frequência dos cultos de domingo, na manutenção do edifício e no aumento das finanças. Na Igreja orgânica, a ênfase é buscar o Senhor Jesus Cristo coletivamente, em comunhão “cara a cara”. Todas as outras coisas nascem a partir desta experiência.
A Igreja institucional faz essencialmente a mesma coisa semana após semana, mês após mês, ano após ano – está atada a um ritual. A Igreja orgânica passa por fases. Não está atada a um ritual.
Na Igreja institucional, dons são vistos como cargos. Pessoas são colocadas nestes cargos desde o princípio. Na Igreja orgânica, dons não são vistos como cargos, e sim como funções. Eles emergem natural e organicamente com o tempo. Eles brotam da terra, e normalmente não carregam títulos.
Na Igreja institucional, é típico que os membros não se conheçam muito bem, e se vejam apenas semanalmente nos cultos da igreja. A Igreja orgânica é sedimentada na comunhão. Os membros são como uma família uns para os outros. Eles vivem uma vida compartilhada em Cristo.
Extraído e adaptado do artigo “Organizational vs. Organic” (por Frank Viola) na Revista Neue, Novembro 2009. O artigo original pode ser lido na íntegra aqui.

2 comentários:

  1. Amados, fiquei surpreso e muito feliz quando minha esposa descobriu esse blog. Foi depois de ler um artigo meu escrito como dissertação de mestrado. Estou gostando muito também das colocações e atitude, de modo geral. É algo que sempre quis investigar e não sabia por onde. Descobri uma das razões porque a igreja primitiva floresceu nos lares, além de ser vontade de Deus, claro. O lar era o centro da adoração nas familias, tanto no Império Romano como na Grécia, então, tornou-se natural passar a adora a Deus e não mais os ídolos, em familia, e nunca em ambientes formais. Terei o maior prazer de compartilhar o artigo. Se alguém tiver interêsse, é só me escrever.

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  2. Desculpe, achei que meu email iria aparecer automaticamente. É: timoteobachmann@gmail.com

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