A IGREJA NAS CASAS
“Então, os doze convocaram a
comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a
palavra de Deus para servir às mesas” – Atos 6:2
Nunca
houve na História uma época em que igrejas cristãs em todo o mundo cresceram de
forma numericamente tão intensa. As estatísticas de missiólogos atestam que
anualmente se formam 2.000 a 3.000 novas igrejas por semana. Conforme dados da
Aliança Evangélica Mundial, os cristãos evangélicos passaram de cerca de 150
milhões no ano de 1974 para cerca de 650 milhões em 1998. Desse modo, afirmam
especialistas em missões como C. Peter Wagner ou Ralph Winter, os cristãos
evangélicos se tornaram a minoria que mais rapidamente cresce no mundo.
Não
obstante, numa época em que é grande a alegria ou até o triunfo sobre o
crescimento de muitas igrejas, ficou ainda maior o grau de insatisfação com a
“igreja que conhecemos”. Milhões de cristãos em todo o mundo sentem que uma
nova e surpreendente Reforma está se aproximando. Afirmam: “A igreja como a conhecemos
impede uma igreja como Deus a quer”.
A
tradição cristã legou-nos um conceito de igreja sempre ligado a prédios ou
santuários como lugares de encontro do povo e de adoração a Deus. Igreja virou
sinônimo de prédio, templo, lugar de adoração. Por isso, o entendimento comum
considera a igreja nos lares apenas um método a mais na estratégia de
evangelização quando, na realidade, é a razão de existência da igreja.
As
igrejas nos lares não são mais uma manifestação cristã da moda, que rapidamente
desaparece, um fogo de palha que em breve se apaga. Não são uma nova onda, o
último grito, a edição mais moderna no mercado de possibilidades
eclesiológicas. As estruturas eclesiásticas tradicionais requerem um
investimento considerável de controle, hierarquia, infra-estrutura, finanças,
retórica, motivação e mobilização, para manter viva a organização - e o
organismo espiritual nela contido. Em comparação, as igrejas nos lares têm uma
estrutura diferente porque se configuram de modo muito mais orgânico: um ente vivo,
solto, um ganso selvagem com autonomia de vôo, não um ganso caseiro
domesticado.
Na verdade as igrejas nos lares
não precisam produzir provas de que não são um fenômeno efêmero da moda, porque
já se afirmaram durante séculos. Foram as estruturas das igrejas nos lares que
sustentaram a igreja cristã até os tempos de Constantino. E com certeza não é
exagero afirmar que através dos séculos as igrejas nos lares constituíram uma
das mais importantes estruturas de sobrevivência da vida espiritual, quando depois
de Constantino e durante toda a Idade Média a igreja de pastores foi decretada
como único modelo válido de igreja. Muitas vezes formas de igreja no lar
tornaram-se, no seio das igrejas existentes, uma espécie de arca de Noé
espiritual, na qual a comunhão vivida pelos cristãos rebrilhou constantemente e
a fé cristã buscou e encontrou outros espaços de vida. A maioria dos movimentos
de renovação espiritual da história desenvolveu-se em pequenos grupos,
"conventículos", células ou classes. Muitas pessoas não viram o
surgimento fragmentário de igrejas nos lares nessas formas estruturais, como
hoje estamos novamente fazendo, porque a atmosfera eclesiástica e o controle
social eram muito mais intensos no passado. Contudo, rapidamente fica explícito
que as estruturas das igrejas nos lares que repetidamente se formaram
representaram uma espécie de "conservatório", que preservou muitos
aspectos de uma fé cristã viva através dos séculos - inclusive na forma
monástica, que constitui uma reação um pouco extremada demais ao padrão
eclesiástico frio e sem comunhão.
Qual
é o lugar mais simples para uma pessoa ser santa? Ela se esconde atrás de um
grande púlpito e, trajado com túnicas sagradas, prega palavras santas a uma
massa sem rosto, desaparecendo depois em seu gabinente. E qual é o lugar mais
difícil e, por isso, mais significativo, para uma pessoa ser santa? Em casa, na
presença de sua família, onde tudo o que ela diz e faz é submetido a um teste
espiritual automático e conferido com a realidade.
A
presente aula não visa oferecer estudos exegéticos exaustivos sobre o tema, mas
apenas proporcionar uma breve visão panorâmica.
NATUREZA
Igreja
no lar é vida comunitária de cristãos conduzida por força sobrenatural em casas
bem normais. É o estilo de vida redimido, vivido na situação concreta. É o
caminho orgânico pelo qual os cristãos seguem a Jesus conjuntamente no
cotidiano. Pelo fato de não mais pertencerem a si próprios, os redimidos adotam
consistentemente um estilo de vida comunitário. Já não vivem num mundo particular
e individualista. Igrejas nos lares nascem quando os cristãos entendem que não
podem mais conduzir sua própria vida mas, junto com outros, começam a colocar
em prática os valores do Reino de Deus em suas vidas, iniciando por
compartilhar com outros cristãos e ainda pessoas não cristãos ao seu redor.
Igreja
no lar significa que o corpo de Cristo se reúne em casas. Nas palavras do conde
von Zinzendorf, é a comunhão dos triplamente convertidos:
-
primeiro uma conversão vertical em direção a Deus, a Jesus, o cabeça da igreja
-
depois, os cristão se convertem uns aos outros. Essa é a conversão ao corpo de
Cristo na terra
-
disso resulta a conversão ao mundo, num serviço de doação pessoal e,
precisamente, sustentado pela comunhão
COMO
SÃO
Igrejas
nos lares espelham as qualidades e o caráter de Cristo. Em decorrência, o
estilo de vida comunitário das igrejas nos lares é marcado por amor, verdade,
perdão, fé e graça. Igrejas nos lares constituem um caminho ideal para que as
pessoas demonstrem amor mútuo, se perdoem, lamentem com os enlutados e riam com
os alegres, para que experimentem e pratiquem pessoalmente a graça e estejam
incessantemente, no dia-a-dia, em contato com a verdade e o perdão de Deus. É
um espaço em que todas as máscaras podem ser removidas, em que as pessoas podem
ser francas umas com as outras, e apesar disso continuar se amando.
Um
lar cristão é um lugar onde a presença de Cristo é a característica mais
notável e a principal atracão. Cada membro da família é consciente de sua
presença, de seu governo e orientação e, de forma agradável, conduz sua vida e
sua relação com os demais com um sincero interesse de agradá-lo.
O
que faz com que a vida no lar seja dinâmica, vital e espiritual é a presença
real de Cristo operando em nosso interior para transformá-lo à Sua semelhança.
Isto significa que todos nós devemos desenvolver nossa vida familiar com a
plena consciência de que Ele está presente, ou seja, praticar a presença de
Jesus Cristo.
Se
reconhecemos que Deus criou a família humana como meio para formação de sua
família eterna, devemos estar atentos a toda oportunidade que surgir para
comunicar a graça de Deus aos nossos vizinhos e levá-los à salvação. É o reino
de Deus no lar que torna possível viver em paz e amor, e é essa realidade que
falta na maioria dos lares ao nosso redor.
O
ambiente familiar é o idel para atrair e envolver outras pessoas, e
aproximá-los do reino de Deus. A sinceridade e ternura do lar derrubam as
barreiras e a resistência com que muitos se opõem a uma apresentação mais formal
do evangelho. E quando esse testemunho é dado noite e dia, ano após ano no
mesmo bairro, o efeito é inegável e maravilhoso.
IGREJAS
NOS LARES NA HISTÓRIA
A
igreja do Novo Testamento era uma família extensa orgânica e espiritual,
edificada sobre relacionamentos, e que tinha a capacidade de se multiplicar.
Muitas vezes os primeiros cristãos chamavam a si mesmos de paraoiki (1 Pedro
2:11), estrangeiros assentados, os “estranhos da porta ao lado”. De acordo com
sua autocompreensão, eram parte de uma “colónia de estrangeiros”, que se
sentiam em casa em qualquer lugar e, no entanto, em nenhum lugar de fato.
-
o Evangelho não somente se dirige a pessoas individuais, mas também a casas
inteiras: Mateus 10:12-14, Lucas 10:5, Lucas 10:7, Atos 10:22, Atos 10:10, Atos
16:15, Atos 16:32.
-
o Pentecostes aconteceu numa casa: Atos 2:2.
-
cristãos se reúnem regularmente em casas: Atos 2:46, 5:42, 8:3, 9:11, 12:12,
16:40, 18:7, 20:20, 21:8, Romanos 16:5, 1 Coríntios 16:19, Colossenses 4:15, 1
Timóteo 5:13 e 14, Filemon 2; 2 João 10.
O
QUE FAZEM
Temos
que levar muito a sério os princípios e valores fundamentais do Novo
Testamento, como bases irremovíveis dadas por Deus, e somente então empreender
o desenvolvimento de igrejas nos lares em nosso contexto cultural, linguístico
e histórico, revestindo-as novamente de “carne”.
Há
quatro elementos básicos das igrejas nos lares:
1.
Refeições conjuntas
Sob
diversos aspectos a igreja no lar é primordialmente uma comunhão de mesa, o
lugar em que se toma uma refeição em conjunto. O Novo Testamento descreve os
primeiros cristãos da seguinte forma: “Tomavam as suas refeições (em conjunto)
com alegria e singeleza de coração” (Atos 2:46), o que seguramente deve ter
sido uma experiência diária. Comer era um dos objetivos principais do encontro.
“Quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros”, diz Paulo (1
Coríntios 11:33). A comida não constitui o elemento central do Reino de Deus
(Romanos 14:17), porém um elemento importante na sua expansão. Quando Jesus
envioui seus discípulos de dois em dois (Lucas 10:1-8), instruiu-os para
encontrar uma pessoa de paz, “comendo e bebendo do que eles tiverem”.
2.
Ensinamento dinâmico
O
alvo do ensino no Novo Testamento não é a transmissão unilateral do
conhecimento, mas consiste em ajudar pessoas a obedecer a Deus e poder
colocar-se melhor à disposição dos seus propósitos (Romanos 1:5). Os
presbíteros das igrejas nos lares detinham o papel paterno e agiam como
professores paternais, em conjunto com mestres com dons carismáticos, que
viviam no lugar ou chegavam como visitantes, ou de ministérios apostólicos que
ensinavam de “casa em casa” (Atos 20:20). Embora a primeiera igreja
experimentasse um crescimento muito intenso sem ter parte alguma do Novo
Testamento escrito, é fato que “a palavra de Deus crescia” (Atos 6:7), “crescia
e se multiplicava” (Atos 12:24), “se divulgava” (Atos 13:49) e “crescia e
prevalecia poderosamente” (Atos 19:20).
3.
Partilha das bênçãos materiais e
espirituais
Os
cristãos sabiam que não pertenciam mais a si mesmos, porque Cristo os havia
“comprado”, de maneira que agora eram propriedade sua. Quando se reuniam,
partilhavam uns com os outros sua vida e aquilo que tinham para dar, tanto de
natureza material quanto espiritual (Atos 4:32-35 e 1 Coríntios 14:26). Na
prática é provável que muitas igrejas nos lares tenham mantido um fundo comum,
no qual se recolhia tudo o que os membros ofertavam: dinheiro roupas,
mantimentos, etc. Cada um tinha algo que podia repartir com outros e com o que
podia ser prestativo. Essa prática levou a que todos aprendessem a valorizar e
respeitar os outros.
Esse
estilo de vida bíblico radical de partilha material ajuda a economizar uma
grande quantia de dinheiro no dia-a-dia, cria um profundo vínculo de comunhão
entre os cristãos do lugar e constitui por si próprio um testemunho vivo e
claro de Cristo. Jesus não preservou nada em detrimento de outros, nem mesmo
sua própria vida.
4.
Oração comunitária
“Perseveravam…
nas orações” (Atos 2:42). A oração é a pulsação no relacionamento de um filho
com seu Pai celestial. Por isso, sempre que cristãos se reúnem, intercederão
uns pelos outros, pelo governo, pela paz, por seus inimigos. Abençoarão aqueles
que os amaldiçoam, expelirão demónios e suplicarão por cura.
Na
oração que Jesus nos ensinou, ele nos encoraja a orar assim: “E perdoe-nos os
nossos pecados” (Lucas 11:4). Quando as pessoas confessam uma diante das outras
seus pecados e se perdoam mutuamente, elas podem tirar as belas máscaras e
finalmente ser autênticas, ganhando assim a aceitação e o amor de outros pecadores,
que na verdade estão na mesma situação.
Porém,
o próprio Jesus já havia alertado seus discípulos diante de seduções, de falsos
profetas, de falsos Cristos, que têm todos o mesmo objetivo: aliciar os
eleitos. Para Wolfgang Simson, o disseminador dessa sedução é um clericalismo
institucionalizado, a caricatura da igreja como Deus verdadeiramente a
concebeu.
Os
primeiros cristãos – ainda por muitos anos após a conclusão do cânon bíblico –
reuniam-se em casas, geralmente no recinto maior de que um dos membros
dispunha. A maioria dos historiadores da igreja concorda com o fato de que o
número de cristãos por igreja no lar dificilmente excedia a 15 ou 20, no
máximo, membros. Quando uma igreja no lar começava a contar com um número maior
que esse, ela se multiplicava, e surgia uma nova igreja no lar.
Cada
cristão era um candidato potencial à morte. Isso estava incluído no preço de se
tornar cristão. Quando alguém queria ter uma vida agradável ou obter sucesso na
sociedade, a pior decisão imaginável era tornar-se cristão. A força para encarar a perseguição
originava-se da visão de futuro, da expectativa viva pelo retorno do Messias.
As pessoas sabiam que um cristão confesso estava disposto a morrer por sua fé.
Embora
os eleitos de Deus, seu povo, seus profetas e os reis devotos de Israel quase
sempre tenham sido ameaçados e perseguidos, os dias de perseguição da igreja do
Novo Testamento não começaram por acaso. "E Saulo se comprazia na arte de
Estêvão. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em
Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da
Judéia e Samaria" (At 8.1).
Como podemos conferir em Atos 7,
Estêvão havia proclamado sua mensagem diante das autoridades religiosas de seu
tempo. Quase tudo o que afirmou era plenamente aceitável para eles, até que
abordasse um tema bem específico. Aí ele atingiu uma ferida aberta e quebrou um
tabu, porque está escrito: "Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu
coração e rilhavam os dentes contra ele ... clamando em alta voz, taparam os
ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o ora da cidade, o
apedrejaram" [At 7.54,57,58].
O que exatamente eles ouviram,
para que ficassem fora de si? Que tema terrível e explosivo Estêvão havia
abordado? Ele dissera: "Não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos
humanas" (At 7.48). Estêvão havia colocado em xeque a substância central
de seu sistema de fé: o templo, o "edifício sagrado".
No Antigo Testamento
inicialmente o tabernáculo ocupa o centro dos aconteci mentos religiosos e
mais tarde o templo. O Novo Testamento, porém, introduz uma dimensão
completamente nova do culto a Deus, na qual o Espírito Santo se despede
claramente dos tijolos. De agora em diante as próprias pessoas são o templo de
Deus (lCo 3.16; 6.19). O que isso significa para o velho templo? Veio algo
"maior que o templo" (Mt 12.6). O templo de tijolos é substituído
pelo templo do corpo (João 12.19-21). Encerra-se o capítulo cheio de templos de
pedra, altares de pedra e cultos centrados no templo, e começa um novo
capítulo.
A adoração não mais acontece em
Jerusalém ou Samaria, numa "casa do Senhor" especial, um
"tabernáculo", em construções sacras ou em torno de símbolos ou
altares sagrado mas sim "em espírito e em verdade" (João 4.23,24),
porque Deus é Espírito e verdade. Passou definitivamente a época do templo e de
sua importância para o povo de Deus. Mesmo no céu não haverá mais templo:
"Na cidade, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor. Deus
Todo-Poderoso, e o Cordeiro" (Ap 21.22).
Quando Jesus conversou com a
mulher samaritana na fonte de Jacó, ela dirigiu o diálogo imediatamente para a
adoração correta, que evidenteme se constituía num tema central para ela.
"Nossos pais adoravam neste monte. Vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém
é o lugar onde se deve adorar. Quem tem razão?" "Ninguém",
respondeu Jesus. "Vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade" [Jo 4.20,23], não num lugar que
seja mais santo que outros lugares. Toda a concepção de uma "casa sagrada
de uma "casa de Deus", um templo como um local de alguma forma
religioso e até sagrado, uma morada de Deus entre as pessoas, desapareceu
completamente do Novo Testamento.
No Novo Testamento Deus nunca
pediu a uma pessoa que construísse um prédio para fins religiosos. "O céu
é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz
o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?", pergunta Deus (At 7.49).
Quase podemos sentir o seu sorriso diante da idéia absurda de que o Criador do
céu e da terra pudesse caber numa construção de 10 por 30 metros. Ao invés
disso, Jesus nos edifica para sermos "casa espiritual", a igreja, e
nos transforma numa parte de seu lar. Não somos nós que construímos uma casa
para ele, mas é e Ele que constrói uma casa para nós, na Jerusalém celestial.
NÃO
SE PODE QUEIMAR A IGREJA
A verdadeira igreja de Jesus
Cristo não se deixa queimar. Ela não é feita de madeira, feno, palha nem de
pedras, mas de pessoas redimidas, o povo de Deus. Os monumentos mais visíveis
do cristianismo tradicional, p. ex., os prédios eclesiásticos, podem ser
atacados, demolidos ou queimados. Contudo, a maioria das casas em que residem
cristãos dificilmente sofrerão esse destino. Em quase todas as culturas a casa
particular é instintivamente protegida. "É simplesmente atestado de má
educação atacar uma moradia particular", afirma Met Castillo. Não estou
querendo afirmar que nas moradias das pessoas a igreja estaria segura até imune
a perseguições, mas antes que casas particulares não são somente o mais
natural, mas também de longe o mais seguro para a igreja.
ESTRUTURA
FLEXÍVEL
Durante
muitos anos e em muitos países, as igrejas nos lares representaram a espinha
dorsal espiritual dos movimentos cristãos - e em parte continuam sendo até o
presente. As igrejas nos lares proporcionaram um lar espiritual a muitos
cristãos, mesmo sob severas perseguições ou num clima de constante controle,
como, p. ex., na Rússia, na China ou no Oriente Médio. Uma vez que igrejas nos
lares podem ser inseridas de forma quase invisível na arquitetura de um país,
elas tão em condições de se adaptar rapidamente a novas circunstâncias e reagir
de forma flexível. Visto que a idéia central das igrejas nos lares consiste em
que cristãos partilhem suas vidas uns com os outros e não promovam apelativos
eventos religiosos nem cultos com alta intensidade de decibéis, as igrejas nos
lares conseguem existir sem chamar atenção de toda a vizinhança ou da polícia
secreta. Suas reuniões não estão necessariamente associadas a música ruidosa,
bater palmas, danças, pregações e orações em alto volume.
Algumas igrejas nos lares seguem
um sistema de rodízio, isto é, as pessoas raramente se encontram no mesmo
lugar, mas sempre numa residência diferente um lugar que somente é do
conhecimento dos respectivos membros. Ocasionalmente pode ser também um quarto
de hotel ou um ônibus alugado para uma excursão. As pessoas podem encontrar-se
sob uma árvore ou simplesmente nas diversas casas dos membros. Em alguns
países, as pessoas já chegam cedo pela manhã, sempre sozinhas ou em duplas, a
fim de não chamar atenção desnecessariamente. Quando, apesar disso, algum
curioso faz perguntas demais, poderá descobrir que algumas pessoas simplesmente
têm um número incrível de conhecidos e festejam com eles refeições ou
aniversários, bodas, jubileus e outras reuniões de família.
É
muito marcante que na história eclesiástica antiga praticamente não se fala de
evangelização na forma como em geral a conhecemos. A igreja não apenas tinha
uma mensagem, ela era uma mensagem. A evangelização sem um modelo convincente
de igreja é uma evangelização por causa da falta de um modelo de igreja que
esteja funcionando. Isso conduz a experiências não vinculadas à comunidade.
Essa é a causa das “conversões” sem a subsequente integração na igreja. Somente
quando a igreja se institucionalizou, ou seja, quando deixou de ser uma “boa
notícia”, tornou-se “necessário” desenvolver empreendimentos evangelísticos
especiais.
Embora
as igrejas em Corinto sem dúvida estivessem abertas para os de fora, a partir
da metade do primeiro século o acesso aos encontros cristãos era vedado à
maioria dos gentios. Depois da perseguição sob Nero, nos anos 60 do primeiro
século, a maioria das igrejas fechou suas portas para não-cristãos. Paulo já
alertara os gálatas diante dos “falsos irmãos que se entremetem com o fim de
espreitar a liberdade que temos em Cristo” (Gálatas 2:4).
A
maioria dos historiadores eclesiásticos concorda em que o descaminho da igreja
começou quando a própria doutrina apostólica sobre arrependimento, santidade e
pecado, o batismo e a própria divindade foi questionada, ou lentamente
modificada.
Uma
das primeiras tentativas de realizar a diferenciação não bíblica entre “clero e
laicato” veio da parte dos nicolaítas, um grupo que fazia a distinção entre os
“leigos que eram ouvintes e os irmãos que prestavam serviço”. Provavelmente tem
sua origem em Nicolau, um dos sete diáconos da primeira igreja (Atos 6:5).
Segundo Watcchamn Nee, nicolaíta é alguém que conquista o povo simples, que se
eleva acima dos leigos”.
Depois
aconteceu a reintrodução de duas correntes vigorosas na concepção geral do
cristianismo: “moralismo” e “religião”. O moralismo apontou para determinado
padrão de comportamento, uma série de leis espirituais, de acordo com as quais
as pessoas têm de viver. Já a religião levou o cristianismo a modelos de
comportamento deste mundo, chegando a tudo que faz parte dele, como imagens de
ídolos, amuletos, ritos e sacerdotes.
O
desejo de exercer mais controle constitui a decorrência natural de uma perda de
confiança ou simplesmente do medo. Ao invés de prestar mais trabalho de
relacionamentos orgânicos, a igreja se concentrou no desenvolvimento de
“rituais seguros”, fórmulas de fé corretas, liturgias sancionadas.
No
ano 220, Orígines introduz em Alexandria a doutrina do batismo de crianças, que
em 416 não apenas se tornou “dever do cristão” na igreja ocidental, porém a
atividade “evangelística” principal.
Quando
o imperador Constantino se converteu ao cristianismo no ano de 312, declarando
em seguida, no édito de Milão, o cristianismo como religião estatal do Império
Romano, os cristãos o festejaram como um redentor. Estavam cansados dos três
séculos cheios de perseguições – e, extrasiados com os processos maravilhosos,
tiveram de experimentar as piores consequências. Durante esse período a igreja
foi intensamente profissionalizada: sacerdotes aprovados e autorizados
realizados casamentos e outras cerimônias públicas, e a igreja experimentou a
duvidosa bênção de ser equipada com a introdução de uma casa religiosa de
mediação entre o povo e Deus: os sacerdotes.
Em
seguida, os imperadores Teodósio e Graciano (por volta do ano 380) aboliram a
liberdade de religião e ordenaram que deveria haver somente uma única igreja
ortodoxa legitimada pelo Estado, bem como um único sistema doutrinário válido,
o dogma ortodoxo. Cada cidadão romano foi forçada a tornar-se membro da igreja
e a crer na lex fidei, a lei da fé.
Outros grupos e movimentos foram proibidos – inclusive os que continuavam se
reunindo em casas. Isso significou o fim legalizado das igrejas nos lares por
ordem da igreja de catedrais.
Retorno a formas de cultos
da sinagoga – Os cristãos herdaram suas formas de
culto não tanto do templo, mas mais da sinagoga judaica, argumenta o teólogo
filipino Met Castillo. O erudito judaico Rabinowitz evidencia cinco elementos
próprios do culto na sinagoga:
-
convite para adoração com hinos e um chamado formal à oração:
-
orações e súplicas;
-
leitura a escritura;
-
pregação sobre a leitura da Escritura;
-
encerramento com a bênção.
Depois
de sair das igrejas nos lares e entrar nos prédios de igrejas, na era
pós-Constantino, quando o culto cristão se concentrou cada vez mais em fórmulas
litúrgicas rígidas, os líderes retomaram o modelo de culto da sinagoga judaica,
com a diferença de que nas igrejas cristãs naturalmente se recitava a confissão
de fé cristã.
O movimento de Prisciliano – Prisciliano era um nobre espanhol que já no século IV resistiu a
essa religião sacerdotal ordenada pelo Estado. Fundou pequenas comunidades na
Espanha e França, chamadas de “irmandades”, nas quais somente cristãos
convertidos e batizados eram admitidos, e que se encontravam para reuniões
singelas em casas. Ele foi assassinado,
junto com 6 seguidores. Tornou-se precursor de muitos movimentos similares de
reforma nos moldes de igrejas nos lares, como os bogomilos, petrobusianos,
patarenos, valdenses, lolardos e outros.
Os celtas – Um dos fatos mais ignorados da história é que não foi a Igreja
Romana que converteu a Europa ao cristianismo, mas os celtas, uma tribo
originalmente bárbara e depois cristianizada, que parece ser parente dos
gálatas da Ásia Menor e dos gálios da Franca. Esse grupo étnico detinha como
território inicial a região superior do Danúbio até Portugal, colonizando
depois a Inglaterra e a Irlanda.
Os
celtas deram origem a poderosas personalidades apostólicas, como Patrício da
Irlanda, que iniciou um dos movimentos mais estratégicos de fundação de
congregações de todos os tempos, ou um homem apostólico como Galo, que levou o
evangelho à Suiça, ou também Bonifácio, o apóstolo do Norte da Alemanha. Eles
viviam em clãs e tribos, manifestando um cristianismo de compreensão integral,
que tinha fortes laços com o dia-a-dia em suas cabanas e casas.
Entre
os séculos VI e IX a devoção celta foi paulatinamente minada pelas doutrinas e
valores papais, e não raro também pelo poder político. A igreja orgulhosamente instalou cemitérios
na proximidade protegida dos prédios “sagrados” das igrejas, onde as pessoas imaginavam
que os restos mortais de seus amados estariam seguros diante dos monstros e
dragões da profundeza.
Cátaros, albigenses e
valdenses (desde antes do século XII) – conhecido
por esses e outros nomes, eram grupos que se reuniam em casas espalhadas pelo
sul da França e norte da Espanha (cátaros e albigenses) e pelo norte da Itália
(Piemonte) e vales alpinos (valdenses). Embora existam mais registros
históricos dos valdenses, a partir do século XII, há várias evidências de que
todos eles se consideravam uma continuação histórica dos cristãos dos primeiros
séculos.
Irmãos Unidos, Lolardos e
Amigos de Deus (século XIII) – Contemporâneos de
John Wycliffe da Inglaterra e Jan Hus da Boêmia (hoje, República Tcheca), esses
grupos já proliferavam sementes da Reforma no século XII, 200 anos antes de
Lutero. Fugindo a perseguição, à semelhança dos valdenses, os Amigos de Deus
muitas vezes nem casas tinham nos vilarejos; construíam pequenos agrupamentos
de casas nas montanhas – como foi o caso de John Tauler de Oberland, que usou
os próprios recursos para edificar refúgios nas montanhas.
Ao
mesmo tempo, na famosa Universidade de Oxford, havia muita gente estudando as
Escrituras em pequenos grupos e reunindo-se em casas como resultado da
influência dos valdenses, de Wycliffe e seus seguidores, os lolardos, semeando
ideias da Reforma entre a classe estudantil e professoral.
Enquanto
isso, a igreja católica prosseguia dando passos para seu abismo espiritual. O
concílio de Éfeso (431) exortou que se orasse a Maria, a mãe de Deus. Leão
Magno se autoproclamou bispo de Roma (440). Em torno do ano 500 os sacerdotes
começaram a introduzir ordens especiais referentes às vestes. Na época de
Justiniano (527-565) a igreja tornou-se realmente a igreja ordenada pelo Estado
– todos os sacerdotes tornaram-se servidores públicos. Já no ano 607, depois da
ruína do Império Romano, Bonifácio III foi o primeiro bispo que reivindicou
para si o nome de “papa” da Igreja Católica Romana. Antes disso, o título de
papa (do latim pontifex maximux – grande edificador de pontes) era prerrogativa
do imperador de Roma, descrevendo seu papel de sumo sacerdote e suprema
divindade no Estado romano.
Outros
passos para esse abismo espiritual foram:
709 Introdução do beijo dos pés do
papa
786 Adoração de imagens e relíquias
850 O primeiro uso de “água benta”
995 A canonização dos santos
falecidos
1079 Instituição do celibato de
sacerdotes
1090 Adoção de rosários de oração de
religiões gentílicas
1184 Introdução da Inquisição, o
controle policial da fé. Milhares de judeus, bruxas (e, mais tarde, depois da
Reforma, protestantes) viram a morte pelas mãos da igreja de Roma. A Inquisição
foi reconhecida oficialmente pelo papa Inocêncio IV no ano de 1252. Mais tarde
as igrejas da Reforma aderiram majoritariamente à mesma mentalidade.
1190 Começa a venda das indulgências –
Livramento das punições pelos pecados mediante pagamento de uma soma de
dinheiro
1215 Ensino da transubstanciação da
hóstia e do vinho: pela invocação do sacerdote esses “elementos” seriam transformados
de modo sobrenatural em corpo e sangue de Cristo
1229 A Bíblia foi declarada como santa
demais para as pessoas simples. O leigo foi proibido de ler a Bíblia.
1414 Proibiu-se o cálice da Santa Ceia
aos leigos
1439 Introduz-se a doutrina do perugatório
1439 Confirma-se o dogma dos
sacramentos
1545 A tradição é elevada a fonte de
revelação ao lado da Bíblia (concílio de Trento)
A Inquisição – Milhões de protestantes perderam a vida pelas mãos de católicos e,
mais tarde, não ficaram muito atrás da igreja católica quando mandaram
perseguir os chamados “anabatistas” e “ entusiastas”. Depois da vitória sobre o
império islâmico no ano 1492 em Granada, na Espanha, os algozes da Inquisição
descobriram um novo alvo para seu êxtase de poder: os mouriscos, antes mouros
islâmicos, que haviam aderido ao cristianismo. Os judeus acabaram no fogo
cruzado de todas as frentes ao mesmo tempo.
A Inquisição foi singularmente cruel na
Espanha, onde ainda em 1826 – 18 anos após José Bonaparte, um irmão de
Bonaparte, ter declarado a Inquisição como ilegal – o último herege foi
enforcado em Valência.
A Reforma – Mais de 1.100 anos depois que as primeiras ondas vigorosas das
igrejas nos lares haviam se quebrado nas praias do sistema eclesiásticos
instituído, o monge Martinho Lutero teve o privilégio de ser o primeiro a
redescobrir a pulsação do evangelho: “justificação mediante a fé”, “redenção
por graça”, “somente a “Escritura Sagrada”.
Reformadores
como Zwínglio, Lelanchton, Calvino, John Knox e outros começaram a favorecer o uso
da Bíblia pelo cidadão comum. No começo, a Bíblia foi traduzida do latim – o
idioma técnico do clero profissional – para 14 línguas conhecidas. No ano de
1600 já existiam traduções da Bíblia em 40 línguas.
Estava
lançado o alicerce para que a igreja pudesse lentamente desvencilhar-se de seu
próprio cativeiro estrutural e redescobrir dinâmicas bíblicas – inclusive a das
igrejas nos lares como forma orgânica de igreja.
No
Prefácio à missa alemã, de 1526, Lutero chegou a propor uma “terceira forma de
missa”: ”A terceira forma de missa deveria ser uma verdadeira ordem evangélica
e não deveria ser realizada publicamente para todos os tipos de pessoas.
Aqueles que desejam ser seriamente cristãos e confessam o evangelho com a ação
e os lábios, deveriam inscrever-se nominalmente e reunir-se isoladamente, por
exemplo, numa casa, a fim de orar, ler a Bíblia, batizar, receber os
sacramentos e realizar outras obras cristãs”.
Depois
de 1526 Lutero mudou sua opinião, retornando a formas de culto quase católicas
– em parte por pressão dos príncipes civis, que do contrário lhe teriam negado
a proteção política. Aconteceu com Lutero
algo similar do que com Calvino: reformaram o conteúdo, mas não a forma
do cristianismo.
O movimento apostólico em
torno de Schwenckfeld - Lutero tinha um adepto e
professor influente, Caspar Schwenckfeld (1480-1561). No primeiro momento
Lutero acolheu Schwenckfeld, um não-teólogo e pregador dotado, "como um
mensageiro de Deus", sendo fortemente influenciado por ele. No ano de 1527
Schwenckfeld passou por uma experiência dramática de novo nascimento. Depois
disso ele próprio começou a estudar a Bíblia, e não durou muito tempo para que
tentasse dissuadir Lutero novamente do curso que iniciara em 1530. Schwenckfeld
viu que Lutero se comportava de forma demasiado católica em sua compreensão de
igreja e também não podia aceitar a doutrina de Lutero de que por meio do
"sacramento do batismo" uma pessoa pudesse ser nascida de novo. O
professor de Bíblia francês Alfred Kuen escreve: "Lutero começou a perseguir
com extremo ódio seu antigo amigo Schwenckfeld, chamou-o de tolo e herege
demoníaco, e negou-se inteiramente a responder às cartas de Schwenckfeld.
Devolvia-as sem abri-las." "Schwenckfeld, o reformador da Silésia,
teve de viajar pela Europa como um animal caçado", diz Kuen.
Nas
viagens o reformador exilado fundou comunidades vivas em muitos lugares, que
eram essencialmente grupos familiares, bíblicos e de oração. A fim de evitar
maiores conflitos com a igreja estabeleci da, Schwenckfeld abriu mão de
introduzir a santa ceia e o batismo nos grupos fundados por ele. Quando faleceu
em Ulm, no ano de 1561, pastores luteranos tentaram à força trazer seus muitos
seguidores de volta às igrejas luteranas. Caso resistissem, eram lançados na
prisão, e tinham de presenciar como lhes eram tirados os filhos.
Os “anabatistas” - Quando Zwínglio começou a realizar a
Reforma em Zurique, um grupo de antigos amigos criou coragem para fundar uma
comunhão cristã em Zollikon perto de Zurique, porém sem permissão oficial. O
grupo era formado por Felix Mantz, um erudito em hebraico, Conrad Grebel, um
membro do conselho da cidade, vindo de uma família distinta de Zurique, e Georg
Blaurock, um ex-monge e excelente evangelista. Como muitos outros, Grebel havia
começado a descobrir pessoalmente a Bíblia, para o que Zwínglio o havia
encorajado expressamente.
No
ano de 1524 os Grebel tiveram um filho. Grebel se negou a batizar seu filho
bebê, porque dizia que depreendia da Bíblia que primeiro vem a fé e somente - o
batismo. Nessa época muitos cristãos começaram a ler a Bíblia em conjunto, a
orar e a celebrar a santa ceia. Zwínglio reuniu o conselho da cidade no ano de
1525, fazendo com que se decretasse uma lei que determinava que cada deveria
trazer ao batismo todas as crianças não batizadas no prazo de oito dias, do
contrário os pais seriam excomungados. O rito batismal em uso naquele havia
sido adotado do sistema católico, inclusive com todas as invocações, sinais da
cruz e unção com óleo e saliva.
Contudo Grebel não se abalou e
batizou a Blaurock, que por sua vez batizou a 15 outras pessoas. Assim nasceu o
movimento anabatista. Em tom depreciativo os reformadores chamaram esse
movimento de "os anabatistas", declarando que o batismo de adultos
praticado por esse grupo minimizaria a graça de Deus, que ele concede no
sacramento do batismo de infantes. Por isso ele seria uma blasfêmia. Zwínglio
concordou em condenar os líderes do movimento. Grebel morreu na prisão.
Blaurock foi açoitado, exilado e queimado sobre a fogueira no TiroI. Mantz foi
afogado. Porém o movimento batista expandiu-se como um incêndio. Muitos temiam
que a maioria da população aderiria a essa seita, escreve um historiador do
século XVI.
Heinrich Bullinger, sucessor de
Zwínglio em Zurique, presenciou como milhares aderiram a esses movimentos,
apesar de que isso significasse que desse momento diante seriam perseguidos.
Muitas pessoas tiveram de dar a vida por suas convicções bíblicas. Nos Países
Baixos e na Frísia cerca de 30.000 anabatistas foram mortos apenas entre os
anos 1535 e 1546. O teólogo Emil Brunner opina: “Os reformadores os chamaram de
seita, herdando com essa escolha um termo da igreja católica, que declarava
como seita todas as formas de comunhão cristã fora igreja".
Os conventículos de Labadie – Em 1640 Jean de Labadie, um ex-jesuíta, tomou-se pastor na região
francesa de Amiens. Seu único objetivo era: a comunhão dos fiéis em pequenas
"irmandades". Contudo, em breve foi-lhe dito que suas atividades
"ameaçavam a paz do Estado", de modo que teve de fugir para Genebra.
Com essa fuga tinha o intuito de "despertar novamente a igreja dormente de
Calvino", escreve Kuen. Por isso pastores céticos de Genebra rapidamente
articularam uma manobra para que Labadie fosse deslocado para os Países Baixos.
A ênfase de Labadie incidia em transferir a vida cristã de prédios
eclesiásticos para casas particulares.
Escreveu um primeiro livro sobre
a fundação de "conventículos", pequenas comunidades de crentes
convertidos. Na obra ele fornecia instruções práticas do que deveriam fazer nas
casas: uma palavra de introdução, oração, hinos, leitura da Bíblia, profecia
livre conforme ICo 14.26-31 ou o comentário conjunto sobre um texto bíblico.
Seu trabalho causou grande impacto. Um de seus muitos estudantes foi Philipp Jakob
Spener. Contudo, devido à sua determinação inflexível de "reunir cristãos
em pequenas comunhões", também os pastores reformados dos Países Baixos
lhe ofereciam enorme resistência. Finalmente Labadie foi excomungado e veio a
falecer em Altona.
Os huguenotes e a “igreja no deserto” - Quando Claude
Brousson, famoso líder dos huguenotes, foi publicamente assassinado na Paris do
sanguinário Luís XIV no ano de 1698, diante de uma multidão de 10.000 pessoas,
ele ainda entoou por último o Salmo 34. De certo modo esse hino, o salmo, bem
como o testemunho de vida de Brousson e as circunstâncias de sua morte
alcançaram também as praias da Inglaterra, sendo acolhido por Daniel Defoe e
outros que faziam parte dos dissenters, os que "tinham opinião diferente"
da igreja estatal estabelecida.
Em vários aspectos os dissenters
representaram uma edição inglesa dos huguenotes, um movimento protestante da
França, que havia sido pressionado para a clandestinidade pela mais extrema e
sangrenta perseguição da igreja católica. Na Inglaterra organizaram-se em
igrejas nos lares e na "igreja no deserto", como se chamavam,
recordando os israelitas libertados do poder opressor egípcio (At 7.38). Aos
encontros nas casas agregaram-se grandes reuniões em clareiras em florestas e
outros locais adequados, onde tentaram mais uma vez cultivar cell e
celebration, igreja no lar e a grande assembléia.
Finalmente
Defoe foi encarcerado, onde escreveu a famosa história de Robinson Crusoé. Ken
Me Vety, missionário emérito no Japão, diz: "O livre velejar e deslizar de
Crusoé pelos mares é uma descrição da liberdade da pessoa em Cristo. O
naufrágio simboliza o cativeiro, e a ilha é uma ilustração da cela de Defoe na
prisão." Ele também observa que a grande popularidade da história de
Robinson Crusoé, p. ex., na Ásia foi reconhecido por bem poucos como ponto de
contato para o trabalho missionário de fundação de igrejas.
Spener e a igreja que não tinha coragem de ser igreja -
Philip Jakob Spener (1635-1705), pai do Pietismo alemão, reconheceu que a igreja
existente carecia de complementação e que era necessário introduzir pequenos
grupos para encorajar e exortar cada indivíduo. No ano de 1670 ele iniciou esse
encontros sob o nome de "reunião piedosa" (collegia pietatis). Os
cristãos se reuniam duas vezes por semana numa casa, discutiam às vezes a
pregação do domingo da igreja luterana a que pertenciam, mas depois evoluíram
rapidamente para grupos de leitura bíblica.
Isso desencadeou a oposição das
igrejas luteranas. Por pressão delas o conselho da cidade natal de Spener,
Frankfurt, proibiu tais reuniões nos lares. Bill Beckham comenta: "Spener
é vítima de uma autocompreensão deficiente desses pequenos grupos. Embora ele
evidentemente tivesse a opinião de que esses pequenos grupos de comunhão eram a
verdadeira igreja, não queria assustar e irritar as igrejas constituídas.
Transformou os pequenos grupos num apêndice da igreja oficial, bloqueando dessa
forma o futuro para o seu próprio movimento." Os grupos de comunhão de
Spener eram "não-igrejas com formato de comunhão", reuniões
semieclesiais, que não visavam seriamente ser um substituto pleno das igrejas
existentes. Por essa razão, Spener também proibiu "a distribuição dos
sacramentos" nas reuniões domiciliares. No fim da vida Spener havia se
tornado um tanto cínico e cauteloso. Quando finalmente saiu de Frankfurt, não
começou mais novos grupos.
As classes de John Wesley (ou sociedades metodistas) –
Muitos estudos sobre os inícios do movimento metodista concordam que uma das
principais chaves do despertamento metodista foi a coesão dos cristãos recémconvertidos
em pequenos grupos - Wesley denominou esses grupos de "classes".
Howard A. Snyder escreve no livro The Radical Wesley [O Wesley Radical]:
"As classes na realidade não foram outra coisa senão igrejas nos lares.
Nos encontros no meio da semana, com duração de cerca de uma hora, cada pessoa
relatava sobre progressos espirituais que fazia, expressava aflições ou
problemas pessoais, e a maioria das conversões acontecia nessas reuniões
domiciliares."
O metodismo estava interligado
pela rede de sociedades (classes vinculadas entre si). Em 1768, 30 anos depois
do início do movimento, já havia 40 desses distritos no metodismo, com 27.341
membros. No começo do século XIX, de cada ingleses um já era metodista. Snyder
escreve: "Aproximadamente um em cinco cristãos metodistas foi formado por
Wesley para ser um responsável e um dirigente, que geralmente eram oriundos do
segmento dos cidadãos pobres e sem estudo, trabalhadores sem muita
escolaridade, porém com dons espirituais e empenho para servir a outros. Dessa
forma ele encaminhou milhares de pessoas ao ministério espiritual." Ele
demonstrou que era viável aquilo de que Lutero tão somente conseguiu sonhar e o
que não ousou ensaiar: a saber, que pessoas comuns - capacitadas por Deus para
tarefas extraordinárias e que têm condições de desencadear um movimento imenso
no contexto de uma igreja no lar.
No entanto, o metodismo
lentamente começou a tornar a Igreja Anglicana como referencial e a dar um
valor cada vez maior a cultos nas manhãs de domingo, retornando assim ao
sistema de pastores.
O movimento housechurch na
Inglaterra - Durante os anos 70 do século XX
deu-se na Inglaterra o restoration movement (movimento de restauração) ou, como
a iniciativa também foi denominada, o movimento Housechurch (algo como
"igreja nos lares"). Uma das palavras de ordem desse movimento foi
que os cultos tradicionais precisavam urgentemente de uma revisão e deviam ser
restaurados de acordo com princípios do Novo Testamento. No entanto, o impulso
central desse movimento partia menos de uma nova compreensão da igreja nas
categorias bíblicas das igrejas nos lares, mas antes de uma redescoberta dos
dons espirituais e das conseqüências que advinham da prática dos carismas em
igrejas tradicionais.
Muitas igrejas simplesmente não
estavam dispostas a abrir espaço em sua estrutura para que os dons espirituais
fossem praticados. Foi essa a razão por que muitos cristãos abandonaram as
igrejas tradicionais, bem à semelhança de John Wesley no passado, a quem havia
sido vedado pregar em púlpitos anglicanos e que por isso chocou ao simplesmente
começar a pregar ao ar livre. Naquele tempo os cristãos simplesmente visavam
criar uma "zona livre de bispos", na qual podiam praticar a nova fé
que haviam encontrado, inclusive os dons espirituais, sem mexer nas estruturas
eclesiásticas tradicionais. O primeiro lugar que se lhes oferecia eram
obviamente as casas particulares. Embora essas novas igrejas e grupos muitas
vezes realizassem seus encontros nas casas - do que obtiveram o nome movimento
Housechurch, "o nome de igrejas nos lares não era realmente
apropriado", disse Arthur Wallis, um inglês conhecedor do movimento,
“porque de forma alguma a casa como local de reunião era considerada como algo
especialmente importante. Sempre que as novas comunidades cresciam, rapidamente
procuravam por um lugar de reunião mais espaçoso, salas de aula, centros
unitários, auditórios públicos, às vezes até adquirindo prédios ociosos de
igrejas."
As casas como local de encontro
de uma forma orgânica de igreja tinham uma importância relativamente pequena.
Parece que grande parte desse movimento retornou com bastante rapidez
exatamente às mesmas estruturas eclesiásticas e de culto de que havia saído
recentemente - com algumas poucas diferenças: mais valor a um pastor do tipo
pioneiro dinâmico, uma pessoa capaz de romper barreiras, bem como a tempos
longos de adoração (via de regra em forma musical), dons espirituais e
evangelização. Em outras palavras: renovaram alguns aspectos qualitativos da
igreja sem mudar significativamente as estruturas, e derramaram novo vinho numa
forma moderna de odres velhos. Mesmo o fato de formaram muitas novas
congregações não alterou muito o aspecto geral da igreja, porque em última
análise ainda continuavam sendo as mesmas velhas estruturas, que foram
plantadas mais uma vez .
Uma das características precoces
- e doenças infantis - desse movimento foi o atendimento pastoral superintenso,
conhecido pelo nome heavy shepherding ( pastoreio intenso). Às vezes havia
simplesmente a necessidade de um Moisés moderno, para soltar um grupo de
cristãos das amarras estruturais das igrejas tradicionais, um passo que nem
sempre era viável sem luta. A dependência dos membros de uma figura de fundador
ou pastor carismaticamente destacada tem - uma vez sua origem no fato de que
nos anos de fundação normalmente se r muito dinamismo de indivíduos, os quais
depois não se desvencilham mais – de seu papel como "pessoa-chave".
Essa circunstância desencadeou um medo desnecessário naqueles que se
encontravam fora dos novos movimentos eclesiais. No próprio movimento ela
redundou às vezes na acusação de sectarismo.
Hoje, porém, o fenômeno
praticamente desapareceu. Depois de uma espetacular fase de crescimento muitas
das housechurches originais não são mais verdadeiras igrejas nos lares, e até é
bem possível que jamais o foram realmente. Muitas dessas igrejas evoluíram
entrementes para tradicionais igrejas livres segundo o sistema de um pastor só,
com ênfase maior em famílias jovens. Às vezes produziram igrejas de jovens ou
se coligaram com outras igrejas numa rede ou numa denominação. Cerca de um
terço de todas as congregações evangelicais da Inglaterra são hoje integrantes
das new churches, as novas igrejas.
Nos tempos mais recentes os
exemplos da Rússia ou China evidenciam que as igrejas nos lares não apenas
sobrevivem mas até podem florescer em sistemas políticos repressivos. Às vezes
essa pequena chama encontrou combustível e incendiou todo um movimento
eclesiástico. Muitas vezes, porém, o fogo se manteve apenas por breve tempo,
até que a estrutura pequena em formação fosse absorvida pelos sistemas das
grandes igrejas e o espírito original de avivamento corresse o perigo de
sufocar novamente no peito maternal superpoderoso da igreja institucional.
Defino esse ritmo como o "modelo dos gálatas": "Sois assim
insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando
na carne?" (Gl 3.3).
Quando
Mao Tse Tung expulsou todos os missionários ocidentais da China em 1949, os
cristãos da verdade foram perseguidos, mas seu número começou a crescer como
nunca antes. Segundo as estimativas de alguns conhecedores da China, é provável
que atualmente até 10% da população chinesa seja formada por cristãos evangelicais,
cuja maioria está organizada em igrejas nos lares secretas. Assim, os cristãos
da China, um grupo com até 120 milhões de pessoas, formam o maior bloco
evangelical do globo. Constatações
análogas vêm da Etiópia, da Rússia, do Vietnã, do Sudão e de Cuba. Contudo, os
olhares de muitos cristãos dirigem-se para onde respousam igualmente os olhares
do mundo: os índices Dow Jones e os centros de poder e finanças do mundo.
Muitos tentam aprender como se governa o mundo com os poderosos. Há apenas
poucos que estão dispostos a compreender que são "os mansos" que
"herdarão a terra" (Mt 5.5).
Independentemente da
espiritualidade e do ímpeto com que um novo movimento ou uma igreja começou,
mais cedo ou mais tarde ele se torna invariavelmente lento no campo estrutural,
muitas vezes pelo simples fato de que não se cansou - relatar as conquistas
próprias e os louros espirituais dos tempos de fundação. No fim os cristãos
recaíam no trilho antigo, a velha e boa igreja de pastores, o modelo da
congregação. P. ex., essa também é uma das evoluções trágicas das igrejas na
Índia, como demonstra Donald McGavran em sua obra The Founders of Indian Church
[Os Fundadores da Igreja Indiana]. Algo análogo pode ser observado em muitos
países: quase todas as igrejas autóctones começam em casas – e acabam em
catedrais.
Uma reforma
apostólico-profética – De acordo com o texto
bíblico de Efésios 2.20 os ministérios apostólico e profético não apenas são
decisivos para lançar os fundamentos da igreja, mas os apóstolos e profetas são
praticamente o material de construção do fundamento. É correto que a Bíblia nos
estimula a "examinar os apóstolos" e "pesar as afirmações
proféticas", pois cultuar pessoas e idolatrar personalidades de liderança
carismática - atitudes estranhas ao Novo Testamento. Apesar disso parece ser
claro que o ministério apostólico é mais "fundamental" com vistas à
fundação de novas igrejas que o ministério profético. A este convém que se
submeta ao dom apostólico e e quadre nas igrejas locais.
Parto do enfoque de que esse
texto (que não descreve quaisquer relacionamentos cronológicos) expressa as
funções básicas do ministério apostólico e profético para fundar igrejas
cristãs no passado, presente e futuro. A teologia das dispensações, um elemento
básico do pensamento evangelical conservador em muitos países, dividiu a
história da salvação meticulosamente em etapas, desviando-se em alguns casos a
ponto de afirmar que hoje os ministérios apostólicos e proféticos não mais
seriam necessários porque agora temos a Bíblia. Uma atitude dessas, porém,
muitas vezes leva a um perigoso beco sem saída, porque nessa posição se espera
toda e qualquer ação salvadora de Deus na História unicamente a partir da
Bíblia. Dessa forma a palavra de Deus é transformada num objeto de estudo, que
precisa ser investigado cientificamente ou dissecado e tido intelectualmente em
círculos bíblicos - ao invés de ser obedecida!
Christian
A. Schwarz, pesquisador alemão sobre o desenvolvimento da igreja, chamou
atenção para o fato de que hoje nos encontramos na fase de uma terceira
Reforma. A primeira aconteceu no século XVI, quando Martinho Lutero redescobriu
o cerne do evangelho: salvação mediante a fé, somente por graça, unicamente a
Bíblia. Foi uma reforma da teologia.
A
segunda Reforma sucedeu no fim do século XVII e início do século XVIII, quando
movimentos influenciados pelo Pietismo redescobriram a possibilidade de um
relacionamento pessoal, de uma intimidade espiritual com Cristo. Isto levou a
uma reforma da espiritualidade.
No
entanto, também naquele tempo continuou-se intensivamente – nas palavras da
conhecida parábola de Jesus – a colocar vinho novo em odres velhos e remendos
novos em roupas velhas. O sistema eclesiástico e cultual da Igreja Católica
Romana havia permanecido muito fiel ao templo do Antigo Testamento e mais tarde
às formas de culto judaicas centradas na sinagoga, conservando até mesmo a
sequência incluindo incenso, sacerdote, repartições especiais para laicato e
clero, bem como um altar.
A
reforma de Lutero referiu-se ao conteúdo do evangelho, mas não modificou a
estrutura básica dos “cultos a Deus”. Os “cultos a Deus” continuam a ser
essencialmente exibições para visitantes, eventos formais e litúrgicos
tipicamente religiosos, nos quais muitos espectadores e consumidores
predominantemente passivos formam os figurantes de um cenário necessário para o
programa de alguns especialistas muito ativos. Contudo, é precisamente isso que
parece que está mudando nos dias de hoje.
A
terceira e última parte da Reforma é, por isso, uma reforma de estrutura. Não
se trata de fazer algumas alterações cosméticas e pinturas naquilo que existe,
mas de um novo mas antigo enfoque global de igreja, cujo cerne vem do Novo e
não do Antigo Testamento.
Numa
pesquisa realizada em 1994 na Escócia com o título Empecilhos para a Fé, John
Campbell, assessor de evangelismo da Igreja da Escócia, diz: Muitas pessoas
assinalaram que uma das maiores barreiras para crer em Deus é a própria
igreja”.
A
igreja – e com isso igualmente a opinião pública – acostumou-se com uma imagem
desfigurada e distorcida do cristianismo, uma imagem que tem muito pouco em
comum com o original bíblico. Segundo o missionário e autor norte-americano
Bill Beckham, em seu livro A Segunda Reforma, desde os tempos de Constantino,
no século IV, a igreja funcionou principalmente como catedral. Nesse modelo de
igreja podemos identificar pelo menos cinco elementos importantes e
determinantes:
A. Um prédio (uma catedral ou igreja)
B. Um dia especial (domingo)
C. Uma direção profissional (sacerdote, clero, homem santo)
D. Um culto especial que é oferecido aos visitantes (cerimônias, missas,
interpretação do dogma, motivação)
E. Um sistema de auto-sustentação financeira (o ´dízimo´, ofertas)
“Independentemente
dos diversos sistemas de direção, dos estilos arquitetônicos, dos diferentes
títulos e das prescrições de vestimentas para o clero, das distintas formas de
culto e das diferentes teologias, a maioria das igrejas da história funcionou
de acordo com esse modelo de catedral. Independentemente de tratar-se de
igrejas católicas, batistas, metodistas, presbiterianas, comunidades rurais ou
urbanas, igrejas pequenas ou grandes, ricas ou pobres, igrejas no Ocidente ou
igrejas no Oriente: quase todas as igrejas eram unânimes num ponto –
funcionavam como uma catedral.
A revista Época, na edição de 09/08/2010, traz uma
reportagem sobre críticas ao modelo teológico vigente no Brasil, cujo resumo
segue abaixo:
“Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo
crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o
protestantismo à brasileira. Segundo a revista, estaríamos vivendo um tempo em
que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob
profundo processo de revisão, apontando para uma relação com Deus muito
diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.
Estima-se
que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento
foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de
3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como
históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou
para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos
de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil
Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980,
com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do
Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes
e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade”. Há quem aposte que até 2020
metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
Dentro do
próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo
de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de
armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de
consumo que pelos ensinamentos da Bíblia.
Nos
Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava
sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos
anos 1970. Essa espécie de “nova reforma protestante”
não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações
espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas,
culturais e denominacionais de seus ideólogos.
Uma das
saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os
ensinamentos cristãos de todo aparato
institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais
espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas,
tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho
Lutero tentou reformar no século XVI.
Outro
ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face
mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. Esse rompimento da cordialidade veio a público na forma
de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou
no final de 2008 o livro Feridos
A
necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a
reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e
“leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos”
em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a
reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser
questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da
teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra,
maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas
preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como
“reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em
favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda,
evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de
evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do
Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os
evangélicos.”
A teologia
chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam
tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida
como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do
espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica
viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a
própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas
levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito,
de ser enxergadas por ele”.
O
sistema de catedrais sobreviveu a apoios políticos, a guerras e grandes
mudanças sociais, a heresias teológicas, à Reforma protestante e a numerosos
outros movimentos. Sua capacidade de adaptação é simplesmente surpreendente. O
imperador Constantino Magno tomou uma mescla do aparelho administrativo romano
e do sistema feudal, formando uma estrutura eclesiástica que sobrevive há 17
séculos. A estrutura de catedral demonstrou a capacidade de absorver, de
engolir todos os movimentos maiores, sem jamais modificar sua verdadeira
forma”, analisa Bill Beckham.
Igreja tradicional de pastores Igreja
no lar do Novo Testamento
Local reúne-se em recintos eclesiásticos move-se de casa em casa
Principais
funcionários pastores,
mestres e evangelistas apóstolos,
profetas e presbíteros
Financiamento dízimo, oferta partilha-se
o que se possui
Estilo de vida individual comunitário
Evangelização campanhas, ações, programas “fazer discípulos” naturalmente
entre de especialistas
vizinhos; multiplica-se por si
Lema “tragam mais
pessoas para a igreja” “levem a
igreja até as pessoas”
Tamanho grupo grande, impessoal grupos
pequenos com relac. estreitos
Estilo de ensino estático, centrado na pregação dinâmico, estilo
pergunta e resposta
Palavra-chave “torne-se membro” “ide e fazei discípulos”
Serviço caráter
de apresentação, centrado
na formação, confere poder a impressiona a outros outros
Missão enviar
missionários igreja
envia a si própria como unidade
especiais multiplicável
“PONTOS” DA REFORMA
1.
Cristianismo como estilo de
vida, não como sucessão de eventos religiosos
Bem
antes de serem chamados de cristãos dava-se aos seguidores de Jesus Cristo o
nome de “o Caminho”. Um dos motivos era que eles literalmente haviam encontrado
o caminho de como se vive. No dia-a-dia, como famílias extensas espiritualmente
ampliadas os cristãos respondem a perguntas formuladas pela sociedade,
justamente no local em que isso é mais decisivo: em casa.
2.
Mudar o sistema das
“categogas”
Desde
a época de Constantino Magno, no século IV, as igrejas ortodoxa e católica
desenvolveram um sistema religioso que consistia de um templo “cristão” (a
catedral) e de um padrão básico que imitava a sinagoga judaica. Dessa maneira,
um sistema religioso não expressamente revelado por Deus, a “categoga”, uma
mescla de catedral e sinagoga, tornou-se a matriz dos cultos de todas as épocas
subsequentes.
3.
A terceira Reforma
Atinge
as formas básicas do ser igreja, desencadeando uma reforma das estruturas.
4.
De casas que são igreja para
igrejas nas casas
Desde
os tempos do Novo Testamento não existe mais algo como “a casa de Deus”. Deus
não vive em templos, erguidos por mãos humanas. É o povo de Deus que constitui
a igreja. Por essa razão a igreja está em casa no exato lugar em que as pessoas
estão: nos lares.
5.
Primeiro a igreja tem de
encolher, antes que possa crescer
A
maioria das igrejas cristãs simplesmente é grande demais para realmente
proporcionar espaço para a comunhão. Elas perdem a atmosfera familiar dinâmica
e relacional. As comunidades eclesiais do Novo Testamento eram invariavelmente
grupos pequenos, com cerca de 15 a 20 pessoas. As igrejas nos lares se
subdividiam quanto tinham atingido este limite orgânico.
Quanto menor a igreja, tanto maior seu potencial de
crescimento. Numa pesquisa
mundialmente inédita em 32 países, Christian A. Schwarz e Christoph Schalk
investigaram, entre outras coisas, a correlação entre o tamanho numérico de uma
igreja e sua capacidade de integrar novas pessoas. Na tabela a seguir fica
claro quantas pessoas, em termos estatísticos e num período de 5 anos, são
agregadas a uma igreja e que dinâmica de crescimento esses dados revelam
(crescimento percentuais no período de 5 anos):
Tamanho da igreja Novos
frequentadores Crescimento
em percentuais (frequência nos cultos) após
5 anos em
percentuais
1-100 (média de 51) 32 63
100-200 32 23
200-300 39 17
300-400 25 7
Mais de 1.000
(média2.856) 112 4
Em cinco anos, uma igreja
relativamente pequena, de 1 a 100 freqüentadores (a média estatística na
pesquisa foi de 51 freqüentadores), agregou 32 novas pessoas e cresceu
nesse período de 52 para 84
participantes, um crescimento de 63%. No mesmo período de cinco anos, uma
mega-igreja com mais de 1.000 freqüentadores (média estatística na pesquisa:
2.856 freqüentadores) conquistou 112 novos freqüentadores, o que equivale a um
crescimento de 4%.
Já quando comparamos igrejas com
menos de 100 freqüentadores com igrejas cujo número de freqüentadores está
entre 100 e 200, chama atenção o índice de crescimento muito distinto: as
igrejas menores possuem quase o triplo de potencial de integração e, com isso,
de crescimento que as igrejas maiores. Esse estudo empírico mostra ainda que
nos mesmos cinco anos uma mega-igreja média com 2.856 freqüentadores, embora
seja cerca de 56 vezes maior que uma "igreja pequena" de 51
freqüentadores, é capaz de integrar apenas pouco mais do que três vezes o
número de pessoas que a típica igreja entre 1 e 100 participantes.
Em outras palavras: se
tomássemos uma mega-igreja e a dividíssemos em 56 igrejas de 51 pessoas cada,
em cinco anos essas 56 pequenas igrejas conquistariam (numa taxa média de
crescimento de 63% nesse período) um total de 1.792 pessoas -16 vezes mais do
que a mega-igreja conquistaria se permanecesse gigantesca. Ou em outras
palavras: a estrutura de mega-igreja impede de fato que 1.680 pessoas sejam
alcançadas (e que teoricamente seriam conquistadas pelas igrejas pequenas, num
total de 1.792, menos 112, que estatisticamente já são agregadas pelas
mega-igrejas num período de cinco anos). O resultado desse estudo, que deixa de
pernas para o ar muitos mitos sobre crescimento de igreja, como big is
beautiful [grande é que é magnífico], demonstra que igrejas menores simples
mente são mais eficientes em integrar novas pessoas. Em termos estatísticos,
elas denotam inequivocamente o crescimento mais forte. É como na gangorra no
parque infantil: quando a quantidade sobe, cai o potencial de crescimento.
6.
Do sistema de um pastor único
para a estrutura de equipe
O
ministério do pastor precisa ser complementado pelos outros quatro ministérios.
Do contrário, haverá carência espiritual e os pastores não conseguirão mover
nada, ficando impedidos de se realizar em sua vocação.
7.
As peças certas – montadas
erroneamente
Assim
como a melhor coisa é regar flores com água, também os cinco ministérios que
fomentam a igreja têm de reencontrar formas novas – e muito antigas – na
igreja, para que o sistema todo comece a florescer e cada pessoa encontre um
lugar apropriado no todo.
8.
Das mãos dos burocratas
eclesiásticos ao sacerdócio de todos os que crêem
Deus
faz isso através de pessoas simples, chamadas para algo extraordinário e que,
como nos dias de outrora, talvez ainda estejam cheirando a peixe, perfume ou
revolução. O véu do Templo foi rasgado e Deus possibilita a todas as pessoas a
terem acesso a Ele diretamente por meio de Jesus Cristo, o único caminho.
9.
Das formas organizadas para as
formas orgânicas de cristianismo
De
um máximo de organização com um mínimo de organismo é preciso passar novamente
para um mínimo de organização com um máximo de organismo.
10.
Cristãos adoram a Deus, não a
seus cultos
O
cristianismo é por natureza informal e espontâneo, e tão somente o violentamos
por meio dos rituais religiosos repetitivos. É preciso o afastamento das
impressionantes celebrações teatrais em recintos eclesiásticos e o recomeço de
modo impressionante da vida cotidiana.
11.
Não mais levar o povo à
igreja, mas a igreja ao povo
A
igreja está se transformando de volta, saindo de uma estrutura do “vinde” para
uma estrutura do “ide”. Uma das consequências é que não se tenta mais levar as
pessoas *a igreja, mas a igreja até as pessoas.
12.
A Ceia do Senhor é
redescoberta como uma verdadeira refeição
A
tradição eclesiástica conseguiu a façanha de “celebrar” a Santa Ceia em doses
homeopáticas, com algumas gotas de vinho, uma bolacha insípida e um semblante
triste. No entanto, segunda a fé cristã, a Ceia do Senhor é uma refeição
substancial com significado simbólico, não uma refeição simbólica com
significado substancial.
13.
Das denominações para a igreja
da cidade
O
retorno ao modelo bíblico da “igreja da cidade” – ou seja, uma nova
credibilidade das igrejas nos lares dos bairros, aliada a cultos festivos de abrangência
local ou regional, em que todos os cristãos de uma região se congregam
regularmente – não apenas fomenta a identidade coletiva e credibilidade
espiritual dos cristãos, mas também confere à igreja um peso político, e
chamará a atenção que a mensagem cristã merece.
14.
Uma mentalidade à prova de
perseguição
Jesus
disse: “Abneçoados sois quando por minha causa vos injuriarem e perseguirem”
(Mateus 5:11). Quando os cristãos começarem a redescobrir os valores do Reino,
a viver a vida resultante e perder a vergonha de dar nome ao pecado, o mundo ao
seu redor será atingido no cerne de sua consciência e reagirá, como de costume,
com conversão ou com perseguição.
À PROVA DE
PERSEGUIÇÕES
Muitas lições, modelos e
paradigmas que orientam igrejas em desenvolvimento e movimentos de fundação de
igrejas são provenientes de países e culturas em que concede-se ao cristianismo
uma certa liberdade religiosa, e não de países em os cristãos são perseguidos.
Entretanto, não é verdade que não se pode aprender nada de igrejas
pacificamente estabelecidas, que atualmente não estão sendo atacadas pela
sociedade. Contudo há pesquisas, como p. ex. as realizadas por David Barrett e
seus colaboradores, que comprovam que a igreja cresceu num ritmo mais rápido
quando estava submetida a uma certa porção de perseguições e pressão de
sofrimento.
GRAÇAS A DEUS PELA PRESSÃO
Sentimo-nos tentados a
automaticamente relacionar as palavras Paulo "Todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3.12) com uma época e
um lugar diferentes. Não é possível que isso valha para nós hoje? Em Mateus
5.11,12 Jesus afirmou: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos
injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim
perseguiram aos profetas que viveram antes de vós."
Há
três formas de perseguição que os cristãos podem sofrer:
• Perseguição externa, por meio
de um governo nacional ou regional, por outros grupos religiosos etc.
•
Perseguições internas, quando os cristãos se combatem e perseguem mutuamente,
se privam e eximem da bênção, finalmente cobrindo o país com um sem-número de
"irmãos briguentos" (Mt 5.22-24)
• Em terceiro lugar,
provavelmente a pior forma de perseguição, a completa ausência dela, a saber,
quando não existe mais absolutamente nada para perseguir, porque a igreja não
merece mais ser perseguida. Os valores e o estilo de vida dos cristãos, de
conformidade com a correnteza, se amoldaram a uma sociedade sem Deus ou
pseudocristã, o sal perdeu sua força de salgar e simplesmente é pisoteado pelas
pessoas na rua, sem que alguém tome conhecimento dele.
Talvez
seja útil que evoquemos o papel das perseguições e dos sofrimentos para o
cristianismo de modo esquemático:
1. Jesus foi perseguido porque não se ateve a leis religiosas
• Jo 5.16: "Os
judeus perseguiam Jesus, porque fazia estas coisas (uma cura) no sábado."
2. Cristãos têm inimigos para que possam amá-los
• Mt 5.44:
"Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vo
perseguem."
• Rm 12.14:
"Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis."
3. Jesus anunciou perseguições
• Mt 10.23:
"Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em
verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel até que
venha o Filho do Homem."
• Mt 13.20,21:
"O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe
logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca
duração. Em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo
se escandaliza."
• Lc 21.12:
"Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos
perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença
de reis e governadores, por causa do meu nome"
• Jo 15.20:
"Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu
senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós."
4. A perseguição não constitui uma experiência extraordinária de alguns
poucos, mas sim um elemento normal da experiência cristã básica de odos os que
"querem viver no temor de Deus"
• Rm 8.35:
"Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?"
• 1Co 4.12: "…
e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos
injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados,
procuramos conciliação."
• 2Ts 1.4: "
... a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à
vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas
tribulações que suportais."
• 2Tm 3.11,12:
"Tens seguido ... as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me
aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, - que variadas perseguições tenho
suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. Ora, todos quantos querem
viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos."
5. Perseguição representa bênção, não maldição
• Mc 10.30: "
... que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães,
filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna."
• 2Co 12.10:
"Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco,
então, é que sou forte."
6. Jesus se identifica com a igreja perseguida
• At 9.4,5; 22.7,8:
"E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo Saulo, por que me
persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a
quem tu persegues."
• At 26.14:
"E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em lín
hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares con _
os aguilhões."
7. A perseguição tem uma longa história precedente
• Êx 1.12: "Mas,
quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais se
espalhavam; de maneira que se inquietavam por causa dos filhos de Israel."
• At 7.52:
"Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que
anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes
traidores e assassinos."
8. O evangelho se expande através das perseguições
• At 8.4: "Os
que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra."
• At 11.19:
"Então, os que foram dispersas por causa da tribulação que sobreveio a
Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a
ninguém a palavra, senão somente aos judeus."
9. Quem evita perseguições, possivelmente está se esquivando da cruz
• Gl 5.11:
"Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continua sendo
perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz."
• Gl 6.12:
"Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos
circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo."
O SANGUE DOS
MÁRTIRES É A SEMENTE DA IGREJA
Pode-se
aprender de inúmeras fontes que a perseguição auxilia a igreja a ser pura,
santa, a não pregar clemência barata, mas viver uma graça preciosa, a pagar o
preço adequado pelo evangelho e não se envolver com o luxo material. O sangue
dos mártires foi - e ainda continua sendo! - a semente da igreja. Dessa
constatação fundamental podemos deduzir três importantes certezas para a vida
das igrejas nos lares:
1.
A perseguição é o normal, a paz é a exceção
Se
for correto que o reino de Deus contraria essencialmente o reino deste mundo,
que ambos os sistemas não são compatíveis, então os conflitos resultantes, as
tensões ou até o estado de guerra entre ambos os mundos já foram previamente
programados. Nos tempos atuais, o reino de Deus e "o mundo sob o domínio
do mal" são contradições absolutas. Não são mescláveis, não são
reconciliáveis, eles são como preto e branco, bem e mal, fogo e água. Jesus
veio "para destruir as obras do diabo". Isso não aconteceu através de
diálogos diplomáticos de paz, e sim da cruz. Jesus não foi um ser meigo,
benigno, de avental branco, mas alguém que por meio de sua vinda colocou em
xeque, de modo revolucionário, toda a tradicional ordem o mundo. Por isso a
igreja como corpo de Cristo na terra está inevitavelmente envolvida nesse
conflito, o qual é parte da determinação que lhe foi dada na criação. Por isso
perseguições integram a agenda diária das igrejas. Na presente era a az e a
harmonia somente podem ser a exceção. Não condiz com a revelação bíblica
saudável genericamente declarar a regra como exceção e a exceção como regra.
2.
A perseguição reforma a qualidade interior e, em decorrência,
estruturas do cristianismo, restabelecendo constantemente padrões apostólicos e
proféticos básicos
Jesus
disse: "Amai vossos inimigos". Muitos pastores sabem por experiência
própria que muitos membros de suas congregações não conseguem, nem mesmo de
pois de numerosas pregações e classes bíblicas motivadoras, realmente amar seu
vizinho (gentil!), sem falar dos vizinhos descorteses. A longo prazo, o
aburguesamento cristão satisfeito não constitui um contexto apropriado para o
discipulado saudável. A perseguição transforma esse status quo imóvel e
novamente transforma cristãos acomodados e burgueses em peregrinos. A
perseguição nos arranca de nossa aprazível contemplação e nos torna pioneiros.
Ela liberta os cristãos de sua mentalidade de cuidar da sua vidinha,
transformando-os num movimento revolucionário. Jesus deu a seus discípulos a
tarefa: "Sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a J
udéia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1.8). No entanto, os
cristãos começaram a concretizar essa tarefa somente quando Deus permitiu uma
perseguição (At 8.1-4). Ela trouxe a igreja novamente de volta mesmo nível de
experiência de seu fundador perseguido, Jesus Cristo. Jesus declarou:
"Bem-aventurados sois quando vos perseguirem". A perseguição,
portanto, traz consigo a bênção, uma qualidade bíblica que Deus permite que não
apenas seu Filho, mas também sua igreja suporte.
Obviamente isso acarreta
conseqüências estruturais. Durante épocas de perseguição a igreja volta a viver
da mala, precisa de mobilidade, precisa ser capaz de simbolicamente viver e
crescer numa tenda, não em imóveis e monumentos religiosos, que quase parecem
edificados para a eternidade. Como igreja subterrânea ela precisa de formas
dinâmicas e tem de estar em constante prontidão para mudanças. Esse perfil de
exigências dificilmente combina com a igreja tradicional mas muito bem com as
igrejas nos lares.
Às vezes uma
perseguição pode ser a últi palavra de Deus dirigida à igreja dormente q
afinal já se deu, por tempo suficiente, ao luxo ignorar chamados apostólicos e
proféticos p _
3.
A perseguição purifica a
agenda da igreja.
Uma
igreja acomodada por dentro e por fora, adaptada à correnteza da sociedade que
a envolve, e integrada na cultura desta, em breve desenvolverá valores
prioridades, hábitos e tradições que não combinam com o reino de Deus, o que,
chama este mundo ao arrependimento. O reino de Deus desafiou profundamente o
status quo social e até religioso de todos os tempos. Chama atenção que o
primeiro cristianismo falava pouco de projetos sociais, políticos, ecológicos,
evangelísticos ou integrais, que hoje estão nos lábios de todos, e cresceu
apesar disso - ou talvez justamente por isso.
Em épocas de perseguição, a
inchada lista de prioridades das igrejas rápida mente é derretida para o mais
absoluto mínimo, e novamente resta apenas uma coisa essencial a fazer: pregar o
evangelho, expandir-se a si mesma como fermento que leveda toda a massa,
transformando assim as nações em discípulos. Ademais, em situações de
perseguição o abuso de poder e a corrupção nas igrejas são impedidos, ou pelo
menos reduzidos, porque bem poucos ambicionam ser o elegante presidente, bispo
ou diretor de uma organização secreta, semilegal, que se reúne em pequenos
grupos pouco impressionantes.
A MENSAGEM DOS 40
MILHÕES DE MÁRTIRES
De acordo com relatos da época,
por ocasião do apedrejamento de Estevão (At 7) morreram outros 2.000 cristãos
como mártires em Jerusalém, escreve F. L. Plotter em seu livro Martyrs in All
Ages [Mártires de todos os tempos].
• Após surgir um
avivamento na Frígia, Filipe foi lançado na prisão, amarrado e enforcado.
• João, uma exceção
entre os apóstolos, teve morte natural aos 98 anos de idade. exilado na ilha de
Patmos.
• De acordo com
relatos, Mateus morreu como mártir na Etiópia.
• Tiago, o irmão de
Jesus, já um ancião de 96 anos, foi precipitado do pináculo do templo e
apedrejado, depois foi surrado com cacetes até que o cérebro lhe saísse do
crânio, informa o historiador antigo Josefo.
• Matias foi
apedrejado, decapitado e crucificado.
• André pregou na
Ásia, e no final, por ordem de Álgenas, procônsul da Acaia, foi crucificado.
• Marcos fundou uma
igreja em Alexandria e, segundo relatos de Eusébio, foi esfolado até a morte.
• Conforme uma
tradição narrativa, Pedra morreu em Roma. Havia sido crucificado de cabeça para
baixo.
• É provável que
Paulo tenha sofrido o martírio em Roma.
• De acordo com
alguns escritos antigos, Judas foi crucificado em Jerusalém.
• Bartolomeu foi
açoitado e crucificado.
• Provavelmente
Tomé morreu como mártir na Índia, perfurado por uma lança.
• É provável que
Lucas tenha sido enforcado numa oliveira na Grécia.
• Simão o zelote
pregava na África e mais tarde foi crucificado na Britânia.
• Timóteo,
companheiro de Paulo e mais tarde bispo em Éfeso, morreu como mártir.
• Barnabé foi
assassinado por judeus em Esmirna.
Segue-se
uma lista longa, interminável, de mártires como Inácio, Simeão, Clemente Zenão,
Faustio, Jobita, Justino o Mártir, Policarpo e muitos outros, que perpassaram a
história do cristianismo como um fio vermelho.
David Barrett, do Global
Evangelization Movement [Movimento de Evangelização Global], tentou demonstrar
que desde a crucificação de Jesus cerca 40 milhões de pessoas sofreram o
martírio. Atualmente, cerca de 160.000 pessoas por ano precisam sofrer a morte
por causa de sua fé cristã, sem contar aqueles que por causa de sua conversão a
Cristo têm de suportar desvantagens sociais ou são expulsos e banidos de sua
própria casa, de suas famílias ou de sua tribo. Barrett estima que até o ano
2025 o número de mártires crescerá para 300.000 por ano.
VANTAGENS DAS IGREJAS NOS
LARES EM COMPARAÇÃO ÀS TRADICIONAIS IGREJAS DE PASTORES
O
ponto de partida é a perspectiva missionária:
1.
Um modelo multiplicável de
discipulado
A
igreja no lar constitui um modelo de igreja que se baseia essencialmente no
discipulado e trabalha de forma multiplicativa. Pelo fato de que cada igreja no
lar é ela própria a unidade a ser multiplicada, ela contém um enorme potencial
de crescimento. Em comparação, a igreja de pastores não pode nem ser
simplesmente multiplicada nem representa expressamente um modelo de
discipulado.
2.
Estrutura “à prova de
perseguições”
Por
causa do estilo de vida discreto e flexível dos cristãos, as igrejas nos lares
podem evoluir para uma estrutura mais difícil de subjugar.
3.
Livre de barreiras de
crescimento
É
um processo reprodutivo orgânico que leva a um crescimento plano, não a um
crescimento para o alto.
4.
Possibilidades de serviço para
um percentual muito maior de pessoas
Nas
igrejas nos lares cada cristão pode ser incluído de maneira no serviço da
igreja. A pessoa que pode contribuir com seus dons é uma pessoa mais realizada.
A decorrência é que a qualidade interior da igreja aumenta intensamente.
5.
Solução para o dilema pastoral
do aconselhamento
Na
igreja tradicional, quanto mais a igreja cresce em número, tanto menos tempo o
pastor tem para dedicar-se ao aconselhamento de indivíduos.
6.
Um lugar de compromisso e, por
isso, de transformação de vida
Pelo
fato de que a nova vida encontrada em Cristo é transmitida de um para outro na
comunhão orgânica das igrejas nos lares, elas constituem um lugar ideal para
transformar o sistema de valores e, por consequência, o estilo de vida da
pessoa.
7.
Um local ideal para integrar
novos convertidos
A
igreja no lar oferece pais e mãos espirituais, não professores teológicos e
montes de papel. Ela também inverte o enfoque fundamental de muitos cristãos:
aos invés de trazer pessoas para a igreja, ela se esforça para levar a igreja
até as pessoas.
8.
Equaciona-se a questão dos
dirigentes
É
possível encontrar facilmente dirigentes de igrejas nos lares, mesmo sem cursos
de formação para especialistas religiosos. Estes são encontrados e favorecidos
por meio do ministério apostólico e profético.
9.
Supera-se a diferença entre
clero e laicato
Igrejas
nos lares não necessitam mais de pastores no sentido tradicional. Para dar
configuração e multiplicar a vida da igreja no lar os presbíteros são
suficientes, somados à plenitude dos dons e das capacidades de serviço.
10.
Mais próximos da Bíblia
Mesmo
numa era de pós-modernismo e da suposta relatividade de todo o ser, a Bíblia
continua a ensinar valores absolutos. Não é a tradição que nos liberta, porém a
verdade da palavra de Deus.
11.
Inegavelmente mais barata
A
tradicional igreja de pastores pode ser definida como “terreno mais prédio mais
pastor mais salário mais programas eclesiásticos”. A igreja no lar pode ser
definida como “pessoas mais moradias normais mais fé mais vida partilhada”.
Isso simplesmente é mais vantajoso em termos financeiros.
12.
Incentivo à igreja da cidade
No
Novo Testamento a igreja era designada de acordo com a localidade, ou seja, sua
situação geográfica, não conforme uma denominação. Se um número cada vez maior
de cristãos retornar ao modelo das igrejas nos lares, também abre-se um caminho
para o estabelecimento de uma “igreja da cidade”, o número total dos cristãos
de um lugar, o que na maioria dos casos se perdeu.
Deus
sempre usou, de uma forma ou de outra, os lares e as famílias como ambiente
fundamental para os elementos essenciais de comunhão e crescimento autêntico,
tão facilmente perdidos nas estruturas institucionais. De acordo com a época ou
a cultura, porém, era necessário fazer as devidas adaptações para que a prática
não se tornasse rígida e imposta.
Hoje não é diferente.
Precisamos, em primeiro lugar, apontar os aspectos negativos que impedem a
igreja de reunir-se nos lares e casas de irmãos nas grandes cidades e, depois,
pensar em como mudá-los de forma prática e funcional.
1. Nas grandes cidades
brasileiras, o povo, em geral, usa suas residências principalmente como
dormitório dos membros da família. Pais e filhos estão demasiadamente
envolvidos no trabalho e no estudo e não têm tempo de encontrar-se durante os
dias da semana e, quiçá, aos domingos (porque, aos domingos, passam o dia na
"igreja", no templo). A necessidade de sustento e de acompanhar
tecnologicamente o avanço da sociedade empurra os membros da família para
"fora" de casa. E, quando em casa, divertem-se usando os meios
eletrônicos, às vezes cada um de per si: Internet, pesquisas, TV a cabo ...
2. O espaço para moradia nas
cidades grandes está ficando cada vez mais reduzido. Os prédios de apartamento,
para a população em geral, as salas de estar são minúsculas, e a cozi nha, um
mero espaço onde só entra quem dela se utiliza. Além disso, por precaução, as
pessoas, com medo da violência, não saem de casa à noite.
3. Os mais abastados, que
decidem residir em condomínios fechados, isolam-se uns dos outros no mesmo
condomínio e dos que residem fora dali. O acesso, às vezes, é impeditivo.
Agregue-se a isso o fato de que os apartamentos e residências não possuem
revestimento acústico, e as paredes têm "ouvidos". Qualquer som
elevado de pessoas falando, orando ou tocando algum instrumento é motivo de
reclamação ao síndico e de exposição a multas.
4. Em algumas regiões do Brasil,
as famílias não possuem a cultura do lar, isto é, não costumam ter uma casa ou
apartamento aconchegante para acolher os amigos. Mesmo os que possuem uma casa
maior nem sequer pensam em adaptá-la como local para reunir amigos ou a igreja;
geralmente, os mais aquinhoados constroem salões para festas e encontros - para
comer e beber -, mas nunca como local de adoração.
Cultura do lar refere-se ao
ninho da família, ao aconchego, ao acolhimento, à hospedagem e à liberdade de
qualquer amigo ou visitante sentir-se também em casa -um local onde a mamãe tem
liberdade de trocar a fralda do filho, em que se pode beber água sem se
solicitar ao proprietário etc.
Essa falta de cultura é fruto do
corre-corre diário, quando se gastam duas ou três horas para deslocar-se do
trabalho até a casa e vice-versa, porque todos os membros da família têm de
trabalhar, inclusive a esposa, o que os impede de usufruir das benesses do lar
como reunião em família, conversas amigáveis ou encontros com os amigos.
Em algumas cidades, as pessoas
se isolam atrás de muros altos e impenetráveis, e nem sequer se consegue ver o
telhado das casas - seja porque as pessoas querem privacidade, seja por medo da
violência urbana. E isso já é cultura.
Nas
décadas dos anos 60 e 70, as casas não tinham muros altos, apenas uma cerca de
madeira para que animais não entrassem no pátio ou saíssem dele, e os vizinhos
sentavam -se na calçada, no fim da tarde, para conversar, rir e jogar conversa
fora. Ou conversavam olhando uns aos outros através da cerca. Viver assim,
hoje, em algumas cidades é impossíveL E isso faz com que a cultura do lar
desapareça para dar lugar à cultura tecnológica.
Como mudar este quadro?
1. Voltando-se ao estilo de vida
simples sem que seja necessário concorrer com o mundo. Não é preciso possuir
tudo o que o mundo tenta nos impor. Um estilo de vida simples agrada a Deus.
Hoje, as casas dos irmãos têm televisão, computadores e banheiros em cada
cômodo ... Confortável para os membros da casa, mas não disponível para os
visitantes.
2. Edificando-se casas, pensando
sempre nos amigos e nos irmãos da igreja, e não apenas na família. Nos últimos
anos, venho acompanhando o progresso material de alguns cristãos que se
preocupam em ter sala de vídeo e de TV, sala de estudos, sala de estar
meramente decorativa onde ninguém se assenta, amplo espaço para churrascos e
festas, etc. Em nenhum deles, contudo, notei a preocupação em reservar um
espaço maior para reunir a igreja, orar e buscar Deus. Existem salas de vídeo,
mas não de oração; salas de estudo, mas não de oração; salas com mesas de
jogos, mas jamais para oração e reuniões.
3. Nas grandes cidades, onde é
impossível reunir-se em apartamentos de condomínios devido às regras impostas
pela comunidade, é aconselhável que se busquem alternativas mais caseiras,
como, por exemplo, reunir esforços para comprar um local e construir uma ampla
casa - não um templo - com cozinha, salas amplas adaptáveis, espaço para as
crianças etc. O espaço que não se tem num apartamento, os irmãos passam a tê-lo
conjuntamente na "casa". No entanto, o conceito de igreja que os
especialistas em crescimento de igreja nos empurram goela abaixo é de fazer
construções megalômanas para milhares de crentes. Isso tem de ser urgentemente
revisto.
4. Criar, mesmo dentro dos
apartamentos, um ambiente de lar apenas dispondo de cadeiras e lugares para que
"dois ou três" se reúnam em nome do Senhor. Mude-se o conceito de que
"a casa é minha" para "minha casa, sua casa"!
BIBLIOGRAFIA
Casas que transformam o mundo – Igreja nos lares, de Wolfgang Simson, Editora Evangélica Esperança, 2001
Grupos familiares, um modelo brasileiro, de
Claudio Ernani Ebert, Editora Vida, 1997
Igreja nas casas: problema ou solução?,
Revista Impacto, ano 10, número 60, novembro/dezembro 2008
A nova reforma protestante, matéria na revista
Época, edição de 09/08/2010
Apostila
“Fundamentos para fé e obediência”, Editora Worship Produções
Apostila
“A importância das casas na expansão do Reino”, ministrada no Encontro
Translocal de 2005, pelo pastor Felipe Henrique
Apostila
“Avivamento e crescimento da igreja, através da implantação de grupos nas
casas”, produzida pelo pastor Abílio Chagas
Apostila
“Grupos familiares de crescimento/comunhão”, do pastor Edmilson Marques
Dias, baseada num seminário da Sepal
Apostila
“O líder eficaz de um grupo caseiro”, do pastor Abílio Chagas
Fonte: www.cmcbauru.com.br/downloads/restrito/A_Igreja_nas_casas.doc
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