segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Igreja Institucional versus a Igreja Orgânica

Publicado por @paoevinho em Categoria: Odres Novos

Milhares de evangélicos e igrejas protestantes em todo o planeta dizem que “a Igreja é um organismo e não uma organização.” Infelizmente, para muitos esta expressão se tornou um mero chavão e muitas pessoas não têm a menor idéia do que isso quer realmente dizer na prática. Mas, afinal, como é uma comunidade que realmente vive e se expressa de forma orgânica? Neste artigo,Frank Viola fala a respeito de algumas diferenças entre uma igreja que opera de acordo com instintos e natureza orgânicos e uma igreja que opera como uma organização institucional (ou seja, uma igreja “organizada” ou “institucional”).

organicaAntes de nos aprofundarmos nas diferenças entre uma Igreja orgânica e uma Igreja institucional, permita-me ressaltar que o termo “igreja orgânica” está na moda nos dias atuais. Tornou-se comum diferentes tipos de igrejas usarem o termo para se descreverem. O mesmo acontece com o termo “igreja missional”. Ambas as expressões são como barro, sendo moldadas pelos mais diversos autores de formas diferentes. As vezes, extremamente diferentes.

Dito isso, entendamos que a experiência do Corpo de Cristo é algo totalmente orgânico. Isso é, brota da vida, da vida de Deus, e não de métodos organizacionais humanos. Claramente, a Igreja que vemos no Novo Testamento era totalmente “orgânica”. Em outras palavras, nasceu e foi sustentada por meio de uma vida espiritual, ao invés de ser construída por estruturas humanas. Usarei uma ilustração: uma laranja criada em laboratório não seria orgânica. Mas se eu plantasse uma semente no solo e nascesse uma laranjeira, esta árvore seria orgânica.

Em suma, a diferença entre uma igreja organizada e uma igreja orgânica é tão grande quanto refrescar-se em frente a um ventilador e ir para fora em um dia fresco. É a mesma diferença entre a General Motors e uma horta.

Organização versus Organismo

Vejamos de forma mais específica as diferenças entre uma expressão orgânica de igreja e uma forma organizada (ou institucional) de igreja:

Na Igreja institucional, a forma precede a vida da igreja. A Igreja começa com clérigos, cargos, programas, rituais, etc. Já em uma expressão orgânica, a forma da Igreja deriva da vida Igreja, assim como a forma do corpo humano deriva da vida do ser humano.

A Igreja institucional se sustenta no ministério de um clérigo ou ministro profissional. Em uma expressão orgânica de Igreja, não há clérigos ou ministros.

Na Igreja institucional, o clero se empenha em entusiasmar os leigos. A Igreja orgânica não reconhece tal distinção de classes.

Na Igreja institucional, certas funções estão limitadas aos “ordenados”. A Igreja orgânica reconhece todos os membros como sacerdotes atuantes.

Na Igreja institucional, seus congregantes são mantidos passivos durante o culto de domingo. Na Igreja orgânica, todos os membros são encorajados a participar nas reuniões da Igreja.

Na Igreja institucional, os membros associam a Igreja a um prédio, uma denominação ou um culto (normalmente no domingo). Na Igreja orgânica, enfatiza-se que as pessoas não vão à Igreja. Elas (juntas) são a Igreja. Essa não é uma mera afirmação “teologicamente correta”. É a experiência de seus membros.

A Igreja institucional é unida em torno de um conjunto de costumes e doutrinas. A Igreja orgânica é unida em torno de Jesus Cristo. Não há nenhum outro critério para a comunhão.

A Igreja institucional é sustentada por programas. A Igreja orgânica se sustenta nas relações construídas em Jesus Cristo.

A Igreja institucional depende de finanças para sobreviver – seus gastos principais são com a manutenção de prédios e cargos assalariados. A Igreja orgânica não depende de edifícios. Não há clérigos assalariados. Os recursos financeiros são gastos com “os pobres entre vós” e em obras extra-locais.

Na Igreja institucional, a liderança é hierárquica. Na igreja orgânica, a liderança emana do Corpo. No início, apóstolos 1 equipam a Igreja e, posteriormente, presbíteros emergem para juntos supervisionarem a comunidade.

Na Igreja institucional, as decisões são feitas por clérigos ou por uma junta de representantes eleitos. Na Igreja orgânica, decisões são tomadas coletivamente, em consenso.

Na Igreja institucional, o pastor é o líder e ministro da Igreja. Na Igreja orgânica, há uma pluralidade de pastores. Eles são homens dotados para cuidar do rebanho.

Na Igreja institucional, há uma forte ênfase na frequência dos cultos de domingo, na manutenção do edifício e no aumento das finanças. Na Igreja orgânica, a ênfase é buscar o Senhor Jesus Cristo coletivamente, em comunhão “cara a cara”. Todas as outras coisas nascem a partir desta experiência.

A Igreja institucional faz essencialmente a mesma coisa semana após semana, mês após mês, ano após ano – está atada a um ritual. A Igreja orgânica passa por fases. Não está atada a um ritual.

Na Igreja institucional, dons são vistos como cargos. Pessoas são colocadas nestes cargos desde o princípio. Na Igreja orgânica, dons não são vistos como cargos, e sim como funções. Eles emergem natural e organicamente com o tempo. Eles brotam da terra, e normalmente não carregam títulos.

Na Igreja institucional, é típico que os membros não se conheçam muito bem, e se vejam apenas semanalmente nos cultos da igreja. A Igreja orgânica é sedimentada na comunhão. Os membros são como uma família uns para os outros. Eles vivem uma vida compartilhada em Cristo.

Extraído e adaptado do artigo “Organizational vs. Organic” (por Frank Viola) na Revista Neue, Novembro 2009. O artigo original pode ser lido na íntegra aqui.

Tradução: Pão & Vinho.

NOTA:

[1] Do original em inglês church planters, ou seja, plantadores de igrejas, um termo que Frank Viola comumente usa para se referir ao obreiro apostólico que planta e auxilia igrejas em diversas localidades (nota do tradutor).

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