quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Nem Todas As Igrejas Nos Lares São Igrejas Orgânicas


Marcio S. da Rocha


Hoje em dia, a expressão “igreja orgânica” virou quase uma “moda eclesial”, e quase um sinônimo de igrejas nos lares. No entanto, existem muitas igrejas funcionando em lares, mas nem todas são, de fato, igrejas orgânicas. Não é pelo simples fato de alguns irmãos se reunirem em seus lares, que isto caracteriza uma igreja orgânica. Neste artigo abordaremos alguns tipos de igrejas e grupos que se reúnem nos lares, mas que não se constituem autênticas igrejas orgânicas, com o objetivo de ajudar àqueles irmãos que têm sido despertados pelo Espírito Santo a buscarem uma forma neotestamentária de igreja, para que não se envolvam com grupos eclesiásticos não-orgânicos que não serão tão abençoadores para suas vidas.

O primeiro tipo de igreja em um lar que não é orgânica, e é bem fácil de perceber, é compreendido pelas igrejas que imitam as igrejas institucionais, tanto na estrutura hierárquica, quanto na forma de culto. Essas igrejas não passam de mini-igrejas institucionais. Possuem pastores (clérigos), e conseqüentemente, os demais irmãos são “leigos”. As reuniões dessas igrejas seguem uma liturgia rígida e essencialmente igual às das igrejas institucionais. O louvor é dirigido por alguém que ocupa a função (ou cargo) de ministro de louvor e nelas são feitos sermões pelo pastor. Algumas até usam aqueles hinários pretos tradicionais. Muitas vezes, embora não se possa generalizar, tais igrejas são formadas por irmãos magoados e decepcionados com certas denominações ou igrejas, porém, que não se conscientizaram que as práticas eclesiais das igrejas institucionalizadas não encontram guarida no Novo Testamento; por isso, continuam imitando seus métodos. Estão nos lares mas não são igrejas orgânicas.

Existem igrejas nos lares (ou organizações que agrupam diversas igrejas nos lares) que são exclusivistas. Este tipo também não é orgânico, e constitui um dos tipos mais danosos de igreja. As igrejas nos lares que são exclusivistas pregam que todos os irmãos das demais igrejas não estão salvos – especialmente os irmãos das igrejas institucionais. Apenas os irmãos que se congregam com eles estão salvos. Uma igreja orgânica jamais pregaria isto. A igreja do Senhor é constituída de pessoas, e por isso, não importa a denominação ou a comunidade à qual uma pessoa freqüenta; se ela recebeu a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, ela é salva e é irmã em Cristo. As igrejas orgânicas não concordam com as práticas das igrejas modernas, mas são plenamente conscientes de que Deus também salva e abençoa pessoas por meio das igrejas institucionalizadas. Igreja não salva, não importa se é orgânica ou não. Essas igrejas exclusivistas geralmente se autodenominam como “a igreja”, evidenciando seu caráter exclusivista. Ao buscar uma igreja orgânica, o irmão ou a irmã deve fugir desse tipo de igreja exclusivista.

As igrejas em células e as igrejas de pequenos grupos também se reúnem nos lares, no entanto, não são igrejas orgânicas ou neotestamentárias. Para não ser repetitivo com relação às características desses tipos de igrejas e às suas diferenças significativas em comparação com as igrejas orgânicas, remeto ao meu artigo “Qual A Diferença Entre Os Pequenos Grupos E As Igrejas Nos lares?” postado neste blog (www.igrejaorganica.blogspot.com).

Há outro tipo de igrejas nos lares que também não são autenticamente orgânicas, embora possuam muitas práticas eclesiais neotestamentárias. São aquelas que se congregam prioritariamente com base na amizade entre seus membros. Poderíamos chamá-las de igrejas relacionais. Nessas igrejas, os relacionamentos são colocados acima de tudo. Os congregantes dessas igrejas não fazem questão de saber como o outro pensa, com relação à doutrina cristã. Um participante da igreja pode até adotar uma doutrina herética (não bíblica), e estar normalmente participando da igreja relacional (como se fosse irmão) sem qualquer problema, pois, para os participantes desse tipo de igreja, qualquer doutrina que venha a atrapalhar a amizade entre irmãos, não lhes interessa. Poderíamos classificá-los no campo da teologia como liberais (não ortodoxos). As igrejas relacionais também apresentam outra característica que as difere sutilmente de uma autêntica igreja orgânica. É que, embora elas se reúnam nos lares de seus membros, não consideram que o lar seja o lugar ideal para a reunião da igreja. Assim, defendem que qualquer reunião que conte com a participação de cristãos, em qualquer lugar e para qualquer propósito, é uma igreja.

Por outro lado, as igrejas orgânicas também valorizam os relacionamentos e buscam o aprofundamento da amizade entre os irmãos. Neste contexto, elas são também relacionais. Porém, valorizam acima de tudo as doutrinas centrais do Cristianismo (Bíblia como revelação de Deus; Trindade; Pecaminosidade humana; Justificação/Salvação pela fé em Cristo etc.), e não consideram como irmão alguém que negue ou altere essas doutrinas. As igrejas orgânicas são Cristocêntricas e bíblicas. As igrejas orgânicas se dedicam ao estudo das Escrituras com fervor, assim como faziam as igrejas do primeiro século: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.” (Atos 2.42). Entretanto, apesar de não “negociarem” as doutrinas essenciais, os irmãos das igrejas orgânicas respeitam a posição de cada um quanto às doutrinas periféricas, ou secundárias, e convivem em paz. Valorizar os relacionamentos é orgânico; porém, colocá-los acima da sã-doutrina não é.

Há ainda as igrejas nos lares com ênfase no crescimento numérico, na multiplicação de igrejas. Essas se consideram cumpridoras fiéis da grande comissão, por meio de reuniões nos lares. Elas exaltam o crescimento quantitativo e a descentralização organizacional total daquilo que chamam de “Movimento Igreja Orgânica”. De modo parecido com o tipo descrito anteriormente, as igrejas multiplicadoras também postulam que qualquer reunião que conte com a participação de cristãos, em qualquer lugar e para qualquer propósito (principalmente evangelístico), é uma igreja.

Nenhuma dessas igrejas descritas neste artigo é orgânica, embora sejam igrejas nos lares. Apesar da aparência orgânica, essas igrejas são fruto de uma elaboração ou alteração humana, portanto, são igrejas “transgênicas”. Sugiro que o leitor complemente a leitura do presente artigo lendo meu outro artigo “Características das Igrejas Orgânicas”, postado no blog www.igrejaorganica.blogspot.com no mês de fevereiro de 2010.

Encerro citando Frank Viola, no seu parágrafo sobre a vida orgânica da igreja:

“Vida orgânica da Igreja é algo profundamente simples, porém, infinitamente complicado. Satisfaz os anseios mais profundos do espírito humano, mas frustra a alma e traz lances de morte à carne. É, ao mesmo tempo, gratificante e enlouquecedora. É sem dúvida a maior experiência espiritual que um mortal pode conhecer. Por quê? Simplesmente porque Deus escolheu a ekklesia em sua expressão orgânica para revelar as glórias e a riqueza do seu Filho amado, o Senhor Jesus Cristo, e para trazer a esta terra a comunhão que existe dentro da Trindade.”

Fonte: http://igrejaorganica.blogspot.com

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