por Marcio Rocha
Este movimento/método começou nos Estados Unidos, onde adquiriu o título de Small Groups.
A idéia básica dos pequenos grupos é que, por não serem multidões como são geralmente as reuniões dominicais das igrejas modernas, os cristãos que deles participam podem desenvolver relacionamentos mais aprofundados e serem pastoreados mais pessoalmente por um líder do grupo, credenciado pela “igreja mãe”. Aliás, essas duas características também estão presentes nas igrejas nos lares, sendo, talvez, as únicas semelhanças entre os dois. As igrejas nos lares também são grupos pequenos – de até aproximadamente vinte pessoas. Os membros das igrejas nos lares partilham a vida com muita intensidade – uns ajudam os outros nas necessidades diárias – não se encontram apenas aos domingos. Os pastores das igrejas nos lares apóiam, orientam e encorajam os crentes de modo personalizado. No entanto, as semelhanças param por aí. E as diferenças são significativas.
Formação
Os pequenos grupos são formados por afinidade; são temáticos ou etários. As pessoas se agrupam livremente nos pequenos grupos conforme sua preferência, seja por afinidade com um tema (ex. grupos de homens de negócios, grupos evangelísticos, grupos de praticantes de determinado esporte, de admiradores de cinema, de musicistas etc.) ou por afinidade de idade – faixa etária (ex. grupos de adolescentes, grupos de mulheres casadas, grupos de pais, grupos de casais, grupos de adolescentes, de jovens, de solteiras etc.).
Já as igrejas nos lares são constituídas simplesmente por crentes em Cristo, não importando as preferências profissionais, de lazer, nem a faixa etária de cada pessoa. Nas igrejas nos lares, crianças, jovens, adultos e idosos estão unidos em torno de Jesus Cristo para adorá-lo, e voltados uns aos outros para edificação mútua. Os pequenos grupos segregam a igreja. As igrejas nos lares unem as diferentes pessoas.
Hierarquia Organizacional
Os pequenos grupos são subordinados a uma grande igreja, geralmente denominada como “igreja-mãe” ou de “grande congregação”. Os pequenos grupos existem visando fortalecer os ministérios dos pastores profissionais das igrejas mães. Essas igrejas incentivam a participação dos seus membros nos pequenos grupos, porém exigem que estejam todos juntos aos domingos para os cultos, como sinal de submissão/subordinação. Os pequenos grupos se reúnem de segunda a sábado, para que, aos domingos, todos possam estar no templo da igreja-mãe, para ouvir o sermão do pastor oficial.
Enquanto isso, as igrejas nos lares são igrejas em si mesmas. Não estão subordinadas a nenhuma outra igreja ou instituição. Mesmo naquelas que fazem parte de uma rede de igrejas nos lares, não existe uma relação de hierarquia delas para com a rede, nem para com outra igreja. Elas são interdependentes; cada uma em si é independente, mas todas se relacionam entre si como igrejas iguais – igrejas irmãs.
Dias de reuniões
As igrejas nos lares se reúnem nos lares dos seus membros, principalmente aos domingos, pois neste dia da semana há mais tempo para a comunhão e edificação. As reuniões dominicais das igrejas nos lares duram de duas a três horas. As reuniões de pequenos grupos, principalmente aquelas realizadas no meio da semana à noite, geralmente só duram uma hora. Para as igrejas institucionalizadas com pequenos grupos, o mais importante é a igreja mãe, o pastor e seus sermões. Nas igrejas nos lares, o mais importante é os membros estarem conectados como Corpo de Cristo para adoração coletiva, para edificação mútua e comunhão. Raramente há sermão nas igrejas nos lares. Geralmente a Palavra de Deus é estudada de modo participativo, com perguntas e respostas sobre os textos bíblicos.
Liderança
Os grupos pequenos, por fazerem parte de instituições religiosas, possuem liderança titular, posicional e hierárquica. Os líderes são indicados/empossados pelos pastores da igreja-mãe, e intitulados Líderes de Pequenos Grupos, fazendo parte de um intrincado esquema organizacional, estando acima apenas dos membros do seu grupo e abaixo de supervisores, de presbíteros (ou bispos), de diáconos e dos pastores. O líder de pequeno grupo, como os demais cargos nas igrejas institucionais, tem certo poder, dado pela instituição. O sistema organizacional dos grupos pequenos é mais ou menos imitado das redes multi-níveis – aquelas que vendem produtos com distribuidores diretos (como a Herbalife, a Natura etc.). Um líder pode chegar a ser supervisor, e na continuidade, chegar até a ser pastor. Os líderes de pequenos grupos são os verdadeiros pastores dos membros da igreja mãe; porém, lamentavelmente, não são reconhecidos pela instituição como pastores. Os que são intitulados pastores são muito mais administradores de empresas (religiosas), empreendedores, e grandes oradores, do que propriamente pastores. Alguns "pastores" de igrejas modernas erraram a vocação; eles deveriam ter sido palestrantes motivacionais, políticos, executivos, ou empresários.
Nas igrejas nos lares a liderança é natural, funcional e não hierárquica. Os líderes surgem sem ninguém empossar. Eles simplesmente fazem aquilo para o qual foram vocacionados por Deus; e o povo de Deus os reconhece, quando são, de fato, homens de Deus. Também os rejeita naturalmente quando não o são. Os pastores de igrejas nos lares pastoreiam as ovelhas de modo pessoal, e são reconhecidos como pastores, pela igreja, e principalmente por aqueles que são pastoreados por eles. São pais de família, maduros na fé e na sabedoria, de bom testemunho no meio secular – presbíteros, como o Novo Testamento fala. Porém, os pastores das igrejas nos lares não são chamados de “pastor fulano”; eles são chamados pelos próprios nomes, pois são discípulos como os demais. Nas igrejas nos lares evita-se a separação do povo de Deus em duas castas – clérigos e leigos; portanto, não há títulos ou cargos, mas dons e funções. Em igrejas nos lares ligadas a redes, os líderes se reúnem eventualmente para compartilhar experiências e se edificarem mutuamente. Não há cargos a galgar. Todos são iguais. Decorre disso que os batismos e as ceias do Senhor são ministrados pelos líderes das igrejas nos lares, ou até pelos próprios irmãos.
O estudo bíblico e o discipulado
Nos pequenos grupos, os estudos bíblicos, geralmente, são determinadamente sobre o mesmo tema (e passagem bíblica) pregado pelo pastor oficial da igreja-mãe no seu sermão do domingo anterior, e geralmente para concordar com ele. Esses estudos já vêm impressos, prontos para serem distribuídos aos membros dos pequenos grupos. Há alguns desses grupos, entretanto, que se reúnem apenas para terem um tempo juntos, para papear sobre o tema de sua afinidade ou para orarem juntos – o que é muito saudável e bom.
Nas igrejas nos lares, por sua vez, cada igreja decide o seu programa de estudos bíblicos dominicais do mês ou do semestre, sendo que os assuntos são decididos pela igreja toda, conforme a necessidade/interesse da igreja. Isto é parte da mentalidade congregacional/conciliar das igrejas nos lares, baseada no Novo Testamento (Atos 15). Assim como a igreja neotestamentária, as decisões das igrejas nos lares são tomadas com toda a comunidade, geralmente em uníssono. Ninguém decide sozinho, e nem há “democracia representativa” – um conselho de decisores delegados. Nada é decidido de-cima-para-baixo. Não se pode negar que exista a influência dos líderes, mas é todo o povo quem finalmente decide.
Os membros das igrejas nos lares também se reúnem apenas para estarem juntos, para compartilharem refeições, para passearem ou assistirem um bom filme ou show musical em outros dias da semana.
O discipulado, nas igrejas nos lares, é feito pelos presbíteros-pastores, ou por irmãos ou irmãs treinados por eles. É enfatizado o ensino das doutrinas essenciais do Cristianismo aos novos discípulos. É importante ressaltar que, nas igrejas nos lares, o estudo da Palavra de Deus, seja coletivo ou individual, visa à formação de discípulos, para que esses gerem outros discípulos. Os novos discípulos são desde cedo encorajados a serem ativos na igreja, exercendo e desenvolvendo seus dons e seu chamado, e sobretudo, a cumprirem a grande comissão: “fazei discípulos... batizando... e ensinando a guardar tudo que eu vos ordenei...” (Mat. 28.19).
Essas são as principais semelhanças e diferenças entre os pequenos grupos e as igrejas nos lares.
Fonte: http://igrejaorganica.blogspot.comFormação
Os pequenos grupos são formados por afinidade; são temáticos ou etários. As pessoas se agrupam livremente nos pequenos grupos conforme sua preferência, seja por afinidade com um tema (ex. grupos de homens de negócios, grupos evangelísticos, grupos de praticantes de determinado esporte, de admiradores de cinema, de musicistas etc.) ou por afinidade de idade – faixa etária (ex. grupos de adolescentes, grupos de mulheres casadas, grupos de pais, grupos de casais, grupos de adolescentes, de jovens, de solteiras etc.).
Já as igrejas nos lares são constituídas simplesmente por crentes em Cristo, não importando as preferências profissionais, de lazer, nem a faixa etária de cada pessoa. Nas igrejas nos lares, crianças, jovens, adultos e idosos estão unidos em torno de Jesus Cristo para adorá-lo, e voltados uns aos outros para edificação mútua. Os pequenos grupos segregam a igreja. As igrejas nos lares unem as diferentes pessoas.
Hierarquia Organizacional
Os pequenos grupos são subordinados a uma grande igreja, geralmente denominada como “igreja-mãe” ou de “grande congregação”. Os pequenos grupos existem visando fortalecer os ministérios dos pastores profissionais das igrejas mães. Essas igrejas incentivam a participação dos seus membros nos pequenos grupos, porém exigem que estejam todos juntos aos domingos para os cultos, como sinal de submissão/subordinação. Os pequenos grupos se reúnem de segunda a sábado, para que, aos domingos, todos possam estar no templo da igreja-mãe, para ouvir o sermão do pastor oficial.
Enquanto isso, as igrejas nos lares são igrejas em si mesmas. Não estão subordinadas a nenhuma outra igreja ou instituição. Mesmo naquelas que fazem parte de uma rede de igrejas nos lares, não existe uma relação de hierarquia delas para com a rede, nem para com outra igreja. Elas são interdependentes; cada uma em si é independente, mas todas se relacionam entre si como igrejas iguais – igrejas irmãs.
Dias de reuniões
As igrejas nos lares se reúnem nos lares dos seus membros, principalmente aos domingos, pois neste dia da semana há mais tempo para a comunhão e edificação. As reuniões dominicais das igrejas nos lares duram de duas a três horas. As reuniões de pequenos grupos, principalmente aquelas realizadas no meio da semana à noite, geralmente só duram uma hora. Para as igrejas institucionalizadas com pequenos grupos, o mais importante é a igreja mãe, o pastor e seus sermões. Nas igrejas nos lares, o mais importante é os membros estarem conectados como Corpo de Cristo para adoração coletiva, para edificação mútua e comunhão. Raramente há sermão nas igrejas nos lares. Geralmente a Palavra de Deus é estudada de modo participativo, com perguntas e respostas sobre os textos bíblicos.
Liderança
Os grupos pequenos, por fazerem parte de instituições religiosas, possuem liderança titular, posicional e hierárquica. Os líderes são indicados/empossados pelos pastores da igreja-mãe, e intitulados Líderes de Pequenos Grupos, fazendo parte de um intrincado esquema organizacional, estando acima apenas dos membros do seu grupo e abaixo de supervisores, de presbíteros (ou bispos), de diáconos e dos pastores. O líder de pequeno grupo, como os demais cargos nas igrejas institucionais, tem certo poder, dado pela instituição. O sistema organizacional dos grupos pequenos é mais ou menos imitado das redes multi-níveis – aquelas que vendem produtos com distribuidores diretos (como a Herbalife, a Natura etc.). Um líder pode chegar a ser supervisor, e na continuidade, chegar até a ser pastor. Os líderes de pequenos grupos são os verdadeiros pastores dos membros da igreja mãe; porém, lamentavelmente, não são reconhecidos pela instituição como pastores. Os que são intitulados pastores são muito mais administradores de empresas (religiosas), empreendedores, e grandes oradores, do que propriamente pastores. Alguns "pastores" de igrejas modernas erraram a vocação; eles deveriam ter sido palestrantes motivacionais, políticos, executivos, ou empresários.
Nas igrejas nos lares a liderança é natural, funcional e não hierárquica. Os líderes surgem sem ninguém empossar. Eles simplesmente fazem aquilo para o qual foram vocacionados por Deus; e o povo de Deus os reconhece, quando são, de fato, homens de Deus. Também os rejeita naturalmente quando não o são. Os pastores de igrejas nos lares pastoreiam as ovelhas de modo pessoal, e são reconhecidos como pastores, pela igreja, e principalmente por aqueles que são pastoreados por eles. São pais de família, maduros na fé e na sabedoria, de bom testemunho no meio secular – presbíteros, como o Novo Testamento fala. Porém, os pastores das igrejas nos lares não são chamados de “pastor fulano”; eles são chamados pelos próprios nomes, pois são discípulos como os demais. Nas igrejas nos lares evita-se a separação do povo de Deus em duas castas – clérigos e leigos; portanto, não há títulos ou cargos, mas dons e funções. Em igrejas nos lares ligadas a redes, os líderes se reúnem eventualmente para compartilhar experiências e se edificarem mutuamente. Não há cargos a galgar. Todos são iguais. Decorre disso que os batismos e as ceias do Senhor são ministrados pelos líderes das igrejas nos lares, ou até pelos próprios irmãos.
O estudo bíblico e o discipulado
Nos pequenos grupos, os estudos bíblicos, geralmente, são determinadamente sobre o mesmo tema (e passagem bíblica) pregado pelo pastor oficial da igreja-mãe no seu sermão do domingo anterior, e geralmente para concordar com ele. Esses estudos já vêm impressos, prontos para serem distribuídos aos membros dos pequenos grupos. Há alguns desses grupos, entretanto, que se reúnem apenas para terem um tempo juntos, para papear sobre o tema de sua afinidade ou para orarem juntos – o que é muito saudável e bom.
Nas igrejas nos lares, por sua vez, cada igreja decide o seu programa de estudos bíblicos dominicais do mês ou do semestre, sendo que os assuntos são decididos pela igreja toda, conforme a necessidade/interesse da igreja. Isto é parte da mentalidade congregacional/conciliar das igrejas nos lares, baseada no Novo Testamento (Atos 15). Assim como a igreja neotestamentária, as decisões das igrejas nos lares são tomadas com toda a comunidade, geralmente em uníssono. Ninguém decide sozinho, e nem há “democracia representativa” – um conselho de decisores delegados. Nada é decidido de-cima-para-baixo. Não se pode negar que exista a influência dos líderes, mas é todo o povo quem finalmente decide.
Os membros das igrejas nos lares também se reúnem apenas para estarem juntos, para compartilharem refeições, para passearem ou assistirem um bom filme ou show musical em outros dias da semana.
O discipulado, nas igrejas nos lares, é feito pelos presbíteros-pastores, ou por irmãos ou irmãs treinados por eles. É enfatizado o ensino das doutrinas essenciais do Cristianismo aos novos discípulos. É importante ressaltar que, nas igrejas nos lares, o estudo da Palavra de Deus, seja coletivo ou individual, visa à formação de discípulos, para que esses gerem outros discípulos. Os novos discípulos são desde cedo encorajados a serem ativos na igreja, exercendo e desenvolvendo seus dons e seu chamado, e sobretudo, a cumprirem a grande comissão: “fazei discípulos... batizando... e ensinando a guardar tudo que eu vos ordenei...” (Mat. 28.19).
Essas são as principais semelhanças e diferenças entre os pequenos grupos e as igrejas nos lares.
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